Capítulo 7: Kant e Laplace: A Formação do Sistema Solar

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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        Quando as partículas da matéria vão sendo atraídas e caem para o centro, Kant imagina que as de maior densidade são mais difíceis de serem desviadas de sua queda e, por isso, devem chegar até uma região mais próxima do centro, antes de começar a girar em torno do centro. As de menor densidade, pelo contrário, poderiam ser desviadas facilmente e poderiam ficar girando a uma maior distância do centro. Em todas as regiões, haveria sempre uma mistura de partículas de todos os tipos, mas nas regiões mais próximas ao centro haveria uma predominância de partículas mais densas e nas regiões mais distantes haveria uma maior proporção de matéria de menor densidade. Por isso, os planetas não vão ter todos a mesma densidade.

        Segundo essa suposição de Kant, os mais próximos ao Sol deverão ter uma densidade média maior e os mais distantes deverão ter uma densidade média menor. Não se conhecia as massas e as densidades de todos os planetas, mas Newton já havia calculado as densidades da Terra, de Júpiter e de Saturno, mostrando que a Terra, que está mais próxima ao Sol, era o mais denso desses três planetas, seguida de Júpiter; e que Saturno, o mais afastado do Sol, tinha a menor densidade . Portanto, isso confirmava a suposição de Kant. Por outro lado, como a mesma matéria que formou os planetas serviu também para formar o Sol, Kant avalia que a densidade do Sol deve ser aproximadamente igual à media da densidade de todos os planetas. Utilizando um cálculo feito recentemente por Buffon, Kant indica que isso era confirmado pelas observações.

        A formação de luas ou satélites em torno dos planetas também poderia ser explicada: em torno de cada planeta em formação existe matéria que vai sendo atraída, mas essa matéria pode se aglomerar e formar grandes corpos, antes de cair sobre o planeta. Podem se formar, assim, “luas”, que ficam girando em torno do planeta. Somente os planetas de maior massa seriam capazes de produzir a atração suficiente para isso. Assim, Kant explica que só existiriam “luas” em torno da Terra, de Júpiter e de Saturno[1].

        Kant explica o calor e a luz do Sol supondo que ele é, literalmente, um fogo. Ele supõe que, dentre todas as matérias que compuseram o Sol, havia uma grande proporção de partículas de baixa densidade e que podem ser queimadas. Supõe também que existe no Sol algum tipo de atmosfera, para que possa ocorrer a queima das substâncias. Se o material do Sol está sendo queimado, em algum instante deve terminar todo seu combustível. Essa conclusão é necessária, mas Kant parece não gostar muito dela. Ele tenta imaginar vários mecanismos pelos quais poderia ser prolongada a queima do Sol. Supõe que, quando ele estivesse se esgotando, poderia haver a queda de planetas no Sol, e isso lhe daria uma nova quantidade de material para queimar. Poderia então ocorrer um aumento brusco de seu calor, e ele poderia explodir, espalhando em volta, de novo, toda a matéria. Então, começaria tudo de novo.
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[1] Na época, não eram conhecidos os satélites de Marte, que são muito pequenos, e nem os planetas mais distantes que Saturno (Urano, Netuno e Plutão).

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