Capítulo 7: Kant e Laplace: A Formação do Sistema Solar

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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        Este é um ponto fraco da teoria de Kant, mas é uma parte essencial de sua hipótese. Se existe um centro de densidade maior, que vai atrair as partículas que estão por todos os lados em sua volta, essas partículas devem ir se aproximando desse centro. Se elas tiverem algum tipo de força de repulsão entre elas, isso pode produzir desvios dos seus movimentos, mas não irá fazer com que todas elas comecem a girar para um mesmo lado. Esses desvios ocorreriam para todos os lados e, em média, deveriam se anular. A idéia da força repulsiva não serve para explicar a origem da rotação da matéria.

        Mas vamos prosseguir. Kant supõe que, à medida que os movimentos vão ficando todos em um mesmo sentido, forma-se uma espécie de nuvem de partículas girando em torno do centro. Embora sejam todos no mesmo sentido, seus movimentos não são paralelos, pois as partículas ainda cercam o corpo central por todos os lados. Kant mostra que elas devem tender a se agrupar em uma região cada vez mais estreita, como se a nuvem fosse diminuindo de espessura e se transformando em um disco fino, que gira em torno do corpo central. Esse centro, que agora acumulou quase toda a matéria que estava à sua volta, é o que vai originar uma estrela. O disco de partículas que giram à sua volta é que vai produzir os planetas.

        Quando a situação chega a esse ponto, as partículas que giram em torno do corpo central possuem trajetórias circulares e suas velocidades dependem da distância ao centro, de acordo com a terceira lei de Kepler: o quadrado do período de rotação é proporcional ao cubo da distância ao centro. No entanto, se imaginarmos duas faixas próximas umas à outra, elas se movem quase com a mesma velocidade, ou seja, as partículas próximas estão quase em repouso relativo. E como elas se atraem gravitacionalmente, elas vão começar a se aproximar e unir em torno de algumas regiões que possuem maior densidade. Ocorre assim a formação de certos corpos – os planetas – que vão aumentando sua massa e que continuam a girar em torno do centro. Como toda a matéria girava no mesmo sentido e como ela formava uma nuvem de pequena espessura, todos os planetas irão girar em torno da estrela no mesmo sentido e suas órbitas ficarão todas praticamente em um mesmo plano.

        Kant supõe que a matéria que estava inicialmente espalhada pelo espaço continha todos os tipos de elementos materiais, misturados entre si. Essa matéria inicial era muito rarefeita – uma espécie de gás muito diluído, com uma densidade milhões de vezes menor do que o ar de nossa atmosfera. Mas o volume em que essa matéria estava espalhada era uma esfera com raio maior do que a distância entre o Sol e os planetas mais distantes e, por isso, a massa total era muito grande. Praticamente toda ela cai para o centro – e a massa do Sol é, por isso, segundo a avaliação de Kant, 650 vezes maior do que a soma das massas de todos os planetas.

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