Capítulo 5: O Pensamento Medieval e o Renascentista

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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        Portanto, Tomás de Aquino vai considerar que a “luz” descrita no primeiro dia do Gênesis é a luz propriamente dita, que conhecemos pelos nossos sentidos. Ele admite, como Agostinho, que Deus criou inicialmente uma matéria sem forma. O passo seguinte, segundo ele pensa, seria dar alguma forma, alguma qualidade, à matéria. E a qualidade mais comum seria justamente a luz, pois todos os corpos, tanto celestes quanto terrestres, são visíveis. Além disso, não se poderia falar sobre o “primeiro dia” se não houvesse a luz e, portanto, a luz teria que ser feita no primeiro dia.

        Tomás de Aquino passa então a responder a cada objeção. Como ele admite que a matéria desprovida de forma veio antes do que suas modificações, ele admite que havia alguma coisa antes da luz: uma substância que se iluminou.

        Quanto à segunda objeção, ele responde que a luz foi criada antes do que o Sol, mas que essa era a mesma luz do Sol, entendendo que a causa ou poder da luz faz parte da substância do Sol, que existiu antes da estruturação do Sol, propriamente dito, assim como o aspecto escuro e sem luz da matéria da Terra existiu antes da estruturação da Terra, propriamente dita. Assim, no primeiro dia, Deus teria diferenciado a substância luminosa da substância escura, mas não teria formado o Sol e a Terra.

        A terceira objeção é muito mais difícil de ser respondida. Como poderiam existir o dia e a noite, sem algum movimento que produzisse a alternação da luz e da escuridão? Tomás de Aquino discute uma opinião anterior, de Basílio, que havia interpretado esse dia e noite como sendo uma pulsação da própria luz, ao invés de ser devida ao movimento de algum objeto. Mas Tomás de Aquino não aceita essa interpretação, pois indica que a luz não tem essa propriedade de se expandir e contrair e que não se deve invocar um milagre divino, apenas para explicar isso. Sua própria explicação não é muito boa. Ele diz que ainda não existiam os astros (nem o Sol), mas que poderia já existir a rotação do céu e que o próprio céu poderia ter um hemisfério luminoso e outro escuro, produzindo assim, pela sua rotação, o dia e a noite.

        Quanto à quarta objeção, Tomás de Aquino admite que a produção da luz, no primeiro dia, pode também ser interpretada metaforicamente, como a criação da luz espiritual. Ele concorda que não existem demônios inicialmente, mas indica que as trevas que são separadas da luz poderiam significar duas coisas: ou a diferença entre as criaturas espirituais (anjos) e as outras coisas criadas, não espirituais; ou as trevas poderiam significar que, embora os demônios ainda não existissem, Deus já sabia que eles iriam existir, e por isso poderia haver desde o início uma referência às trevas espirituais.

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