Capítulo 9: As Fontes de Energia do Universo

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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        Esse “eterno retorno” seria um ciclo sem início e sem fim, que se repete sempre e que não leva a nada. Não há, portanto, nenhuma finalidade, nenhuma tendência, nenhum objetivo e nenhuma origem para o universo. Ele não se torna melhor, nem mais belo, nem pelo contrário mais imperfeito. Ele se origina de si mesmo, em cada instante, sempre. 
Qualquer estado que este mundo possa alcançar, ele já o alcançou, e não uma vez, mas um número infinito de vezes. Da mesma forma, este instante já ocorreu em um outro tempo, e voltará a ocorrer, e todas as forças se distribuirão novamente como agora.
Tudo é repetição: a estrela Sirius, e a aranha, e as tuas idéias neste instante, e este pensamento que agora tu formulas, de que ‘tudo se repete’.
        Essa repetição contínua de tudo – de todos os detalhes de nossa vida, de cada dor ou prazer, de cada pensamento, de cada sensação ou emoção – pode parecer um grande pesadelo filosófico e uma teoria desesperadora, já que não há liberdade: tudo irá acontecer porque já aconteceu antes. No entanto, Nietzsche não sente assim. Ele considera que há um aspecto muito positivo nessa concepção filosófica, pois leva a uma nova atitude. Ao resolver-se a fazer ou não alguma coisa, a pessoa deverá pensar: “Será que eu gostaria de repetir isso por toda a eternidade?”. Mas haverá a possibilidade de escolher fazer ou não alguma coisa? Nietzsche considera que essa própria filosofia é uma força, um poder, que ressurgiu em sua época mais uma vez porque era o tempo em que devia surgir, e que ela própria deverá produzir resultados em outras pessoas. E que esse resultado será exatamente transformar a vida dessas pessoas, para que tenham um novo tipo de vida – como já ocorreu em todas as vezes anteriores em que esse mundo se repetiu.

        A concepção de Nietzsche, é claro, não tenta ser uma teoria científica. Ele era um filósofo, e não físico. Mas não se pode dizer que sua idéia seja absurda. Imagine um espaço fechado, finito, cheio de partículas; e suponha que não pode entrar nem sair nada (nem matéria, nem energia) desse espaço. Nessas condições, pode-se provar que, seja qual for a disposição e os movimentos iniciais das partículas, essa situação inicial vai acabar se repetindo – ou exatamente a mesma situação, ou outra situação muito próxima dela. No entanto, se o universo for considerado como infinito, não se pode aplicar esse raciocínio; e, no século XIX, quando Nietzsche escreve sua proposta de eterno retorno, quase todos consideravam o universo como infinito.

        A proposta de Nietzsche é bastante interessante sob outro aspecto: mostra a recusa em aceitar um universo com início e fim. É uma reação à visão de universo que parecia inevitável, diante da Física do século XIX.

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