Capítulo 9: As Fontes de Energia do Universo

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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    9.4 A DISSIPAÇÃO DA ENERGIA

        Além desse tipo de questões, o estudo da termodinâmica assumiu uma importância mais ampla, sob o ponto de vista cosmológico. Lord Kelvin mostrou que a tendência da energia é dispersar-se. A energia que surge nas estrelas é espalhada por todo o espaço, sob forma de luz e outras radiações. Se olharmos para trás no tempo, todas as estrelas que atualmente brilham no espaço devem ter começado a emitir sua luz há bastante tempo, mas um tempo finito. Além disso, por maior que seja a energia que pode ser desprendida das estrelas, ela deve ser finita e deverá acabar. Então, o universo irá esfriando, terminará toda vida, e por fim deve apenas restar uma matéria escura, com uma mesma temperatura em todo o universo.

        Essa conclusão de Kelvin pareceu chocante a muitos cientistas. Um deles, William Rankine, propôs em 1852 um modelo de reconcentração da energia do universo, para que todos os processos celestes pudessem recomeçar. Ele imaginou que o universo fosse finito, e que toda luz e calor que chegasse ao fim do universo fossem refletidos de volta, concentrando-se em certos pontos ou focos. As estrelas estariam continuamente irradiando luz e acabariam por se tornar frias. Mas, quando alguma estrela apagada passasse por um dos focos do universo, ela receberia uma enorme quantidade de energia, concentrada de todo o universo, e seria vaporisada, podendo essa matéria servir, depois, para formar novas estrelas e recomeçar o ciclo. Pouco tempo depois, Rudolf Clausius (1822-1888) estudou em detalhe os fenômenos de dispersão e concentração das radiações e mostrou que essa reconcentração de energia era impossível, mesmo com um universo finito.

        É preciso notar que a termodinâmica introduziu algo totalmente novo, no estudo do universo. Até o século XIX, se as concepções religiosas fossem deixadas de lado, parecia possível imaginar um universo com uma duração infinita no passado e no futuro. Aceitando a visão religiosa, podia-se pensar que o universo havia surgido um certo tempo atrás, mas que poderia durar para sempre, a menos que Deus resolvesse destruir seu trabalho. Agora, no entanto, a própria Física dizia que o universo não poderia ter luz e vida durante um tempo muito longo, nem para o passado, nem para o futuro. Ele acabaria tendo o que foi chamado de “morte térmica”.

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