Capítulo 1:  A Origem do Universo na Mitologia e na Religião

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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    1.5 A IMPORTÂNCIA DOS MITOS – SUA UTILIDADE

        As concepções sobre a origem do universo não eram consideradas apenas como a satisfação de uma curiosidade intelectual. Elas possuíam também uma utilidade prática, na vida das pessoas.

        Na Polinésia, por exemplo, utilizava-se o mito cosmogônico para curar doenças, para dar fertilidade às mulheres estéreis e para outras finalidades.

        Segundo um mito cosmogônico polinésio, só existiam inicialmente as Águas e as Trevas. O deus supremo, Io, separou as Águas pelo poder de seu pensamento e criou o Céu e a Terra. Ele disse: “Que as Águas se separem, que os Céus se formem, que a Terra exista!” Essas palavras de Io, com as quais ele criou o mundo, são dotadas de um grande poder sagrado e podem ser repetidas pelos homens em situações especiais, quando é necessário “criar” alguma coisa. Os polinésios acreditavam que, repetindo essas palavras, era possível dar fertilidade a uma mulher estéril, ou dar forças a uma pessoa doente e velha. Pois se as palavras do deus Io foram capazes de dar luz e forças ao universo todo, elas também podem iluminar, alegrar e dar forças a uma pessoa.

        O mito serve, assim, para recriar um estado original perfeito, a partir de uma situação de degradação ou decadência. O mito de origem do universo serve como modelo para a criação, renovação ou revitalização de qualquer coisa.

        O uso do mito cosmogônico é muito amplo e variado. Em certos povos, é recitado quando nasce cada criança, pois o nascimento é a recriação da vida. Em outros, é cantado durante todo o período de gravidez de uma rainha, pois está ocorrendo a criação de um novo soberano, que representa um reinício do mundo social. Muitas vezes, o mito da origem do universo é recitado quando um rei sobe ao trono. Sua recitação também acompanha a construção de templos e de casas especiais, sagradas, que representam simbolicamente toda a estrutura do universo.

        A repetição do mito, em meio a um ritual adequado, renova a natureza, dá-lhe novas forças, pois a leva à perfeição do início. Essa idéia é sempre acompanhada pela concepção de que o início é mais perfeito do que aquilo que veio depois. Quanto mais uma coisa se afasta da origem, mais decadente ela fica. Para levá-la a se revigorar, é necessário retornar ao princípio, à origem. Isso é feito pelo ritual e pela recitação e reprodução do mito.

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