Capítulo 1:  A Origem do Universo na Mitologia e na Religião

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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    1.6 A RENOVAÇÃO DO UNIVERSO NAS FESTAS DE ANO NOVO

        A crença de que é possível revigorar o mundo através da repetição do mito de origem do universo está por trás de inúmeras festas anuais, muito antigas.

        Um ano é um período de tempo no qual todos os grandes fenômenos astronômicos, climáticos e biológicos se repetem. Para quem vive nas cidades, esse ciclo é pouco observável; mas, para quem vive no campo ou tem maior contato com a natureza, esse ciclo é muito visível e de grande importância. Cada ano, com sua seqüência de estações, representa um ciclo do universo, com um início e um fim.

        O “início” do ciclo anual pode ser colocado em diferentes épocas do ano, dependendo daquilo que é mais importante para um determinado povo. O nosso atual “Ano novo”, no dia 1º de janeiro, é uma convenção sem grande importância. Mas na Babilônia, por exemplo, o início de cada novo ano era de enorme importância religiosa. A celebração do Ano Novo ocorria na primavera, quando toda a natureza parecia nascer novamente. A festa durava uma semana, e era precedida pela limpeza, purificação e restauração dos templos, pois tudo devia estar “novo”, como no princípio de tudo. A festa incluía uma repetição ritual de todo o mito de origem do universo, pois era como se tudo estivesse começando de novo.

        Durante o Ano Novo babilônico, o próprio rei precisava ter o seu poder renovado. Para isso, o sacerdote supremo arrancava do rei todos os seus símbolos reais e o esmurrava no queixo, fazendo-o ajoelhar-se diante da estátua do deus Marduk. O rei precisava então orar e garantir que não havia cometido nenhum erro e que havia governado corretamente. Então o sacerdote lhe dizia que Marduk aceitava e era favorável ao rei; devolvia-lhe os símbolos reais e lhe dava um novo murro no queixo. Se isso fazia os olhos do rei se encherem de lágrimas, era um bom sinal: significava que o deus Marduk era amigável. Caso contrário, indicava que ele estava bravo.

        Cada povo, como foi dito, escolhia com cuidado a data correspondente ao fim de um ano e início do outro. Essa data tem, em geral, um significado astronômico bem definido. Em grande número de casos, coincide com os momentos denominados “solstícios” de verão e de inverno. Os solstícios são os momentos nos quais o Sol, visto da Terra, está mais ao Norte ou mais ao Sul. Pelo calendário atual, correspondem aos dias 22 ou 23 de junho e 22 ou 23 de dezembro. Para quem vive no hemisfério Sul, o solstício de inverno (22 ou 23 de junho) é quando ocorre o dia mais curto e a noite mais longa do ano. Pelo contrário, no solstício de verão (22 ou 23 de dezembro) ocorre o dia mais longo e a noite mais curta do ano.

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