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7.5 A TEORIA
DE LAPLACE
Pierre Simon de Laplace.
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No final do século XVIII, surge uma importante teoria, proposta
por Laplace – famoso matemático e físico. Essa teoria foi
publicada em 1796, ou seja, quarenta anos após o livro de Kant.
Pierre Simon de Laplace (1749-1827) propõe uma teoria que possui
certa semelhança com a de Kant, para explicar a origem do sistema
solar. Sua teoria se restringe a nosso sistema e não tenta explicar
o desenvolvimento do universo como um todo. No entanto, por ter sido um
trabalho com grande influência, é importante descrever rapidamente
essa teoria.
O ponto de partida de Laplace é a existência de regularidades
no sistema solar, que não podem ser obra do acaso. Ele descreve
que todos os planetas e seus satélites giram em torno do Sol no
mesmo sentido, e quase no mesmo |
plano, e calcula que haveria
apenas uma chance em duzentos bilhões de que isso pudesse acontecer
por acaso. Ele tenta, então, desenvolver uma hipótese que
possa explicar os fenômenos astronômicos conhecidos. Imagina
que, inicialmente, a matéria que compõe o sistema solar deveria
estar espalhada pelo espaço, sob a forma de uma nuvem de altíssima
temperatura; e que, à medida que ela fosse esfriando e se contraindo,
haveria a formação dos planetas. Essa nuvem, desde o início,
é imaginada como algo em rotação, que deveria no início
girar muito lentamente.
Laplace imagina que, à medida que essa nuvem vai se esfriando, ela
tende a diminuir de volume, como um gás que reduz seu volume quando
sua temperatura diminui. Assim, essa nuvem iria se contraindo gradualmente.
Quando isso ocorresse, sua velocidade de rotação teria que
aumentar. Esse fenômeno é uma conseqüência de uma
lei física, a lei da conservação do momento angular.
Pode-se ver um efeito análogo a esse no que ocorre com as bailarinas:
se uma bailarina começa a rodar sobre um de seus pés com
os braços abertos e, depois, aproxima seus braços do corpo,
a velocidade de rotação aumenta muito; afastando novamente
os braços, a velocidade diminui. Da mesma forma, a contração
da nuvem deveria aumentar sua velocidade de rotação.
À medida que a velocidade de rotação da nuvem fosse
aumentando, chegaria um instante no qual a velocidade da parte mais externa
da nuvem atingisse um valor tal que essa rotação permitisse
que a matéria ficasse em órbita, em torno da região
central, e não acompanharia mais a contração do resto
da nuvem. Laplace mostra que essa matéria ficaria acumulada como
um anel, em torno da região equatorial da nuvem. Seria uma coisa
parecida com os anéis de Saturno. Embora essa matéria permanecesse
em órbita, o resto da nuvem continuaria a se contrair, e novamente
a velocidade da parte externa da nuvem se tornaria suficiente para que
a matéria mais externa ficasse em órbita, e assim por diante.
Desse modo, à medida que a nuvem fosse lentamente se contraindo,
haveria a contínua produção de faixas de matéria
abandonadas ao longo do plano do equador da nuvem, criando uma espécie
de disco fino, girando em torno da região central. |
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