Capítulo 9: O Processo de Transmissão das Doenças

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Gordon recomendava que as roupas de cama e pessoais de pacientes infectadas fossem queimadas; recomendava que os médicos e enfermeiras se lavassem totalmente, e que fumigassem suas roupas. Mas suas idéias não foram aceitas.

         Houve casos em que se sentiu a necessidade de tomar medidas enérgicas contra epidemias de febre puerperal. Em 1829, a mortalidade por febre puerperal era tão grande, que Robert Collins, chefe do Hospital de Dublin esvaziou a maternidade, para purificá-la e eliminar os "vapores da doença". Encheu os quartos com gás clorídrico, com todas as aberturas seladas. As paredes e chãos foram lavados com cloreto de cálcio em forma de pasta. Os móveis foram pintados. As paredes e teto foram lavadas de novo com cal. Roupas de cama foram lavadas e depois tratadas em uma estufa a 120-130 graus Fahrenheit. A mortalidade, logo depois, caiu a apenas 0,53%. O sucesso da medida parecia indicar que a causa da enfermidade estava impregnada no prédio e nos objetos do hospital, transmitindo-se pelo ar. No entanto, outras pessoas começaram a perceber indícios de que a doença era transportada pelas próprias pessoas.

         Em 1843, o norte-americano Oliver Wendell Holmes (1809-1894) afirmava que "A doença conhecida como febre puerperal é tão contagiosa que é freqüentemente carregada de paciente a paciente pelos médicos e enfermeiras". Holmes sugeriu que os médicos que tratassem de pacientes com febre puerperal não deviam atender parturientes. Se isso não pudesse ser evitado, deveriam lavar cuidadosamente suas mãos com cloreto de cálcio e trocar de roupas após deixar a paciente com febre.

         Em 1855, Holmes se refere ao fato de que muitas vezes ocorreram efeitos perigosos e mesmo fatais após ferimentos recebidos no exame de cadáveres de pacientes que haviam morrido de febre puerperal - o que não ocorria no exame de cadáveres de outras enfermidades. "(...) é irresistível a conclusão de que se produz um veneno mórbido muito temível no decorrer dessa doença".

         Apesar de todos os argumentos apresentados por Holmes, suas propostas não foram aceitas. Foi apenas pelo trabalho do médico húngaro Ignaz Philipp Semmelweis (1818-1865) que foram obtidas evidências claras sobre o processo de transmissão da enfermidade.

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