Capítulo 9: O Processo de Transmissão das Doenças

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Em 1846, Semmelweis iniciou seu trabalho em Viena. Havia duas divisões na maternidade. Ele trabalhava na Primeira Clínica Obstétrica, na qual eram instruídos os estudantes de Medicina. Em 1846, a mortalidade média das parturientes, de maio a julho, foi de 12,23%. Em agosto subiu a 18,05%. Em setembro e outubro, baixou para 14%. Em média, de cada seis mulheres que entravam na maternidade, uma saia morta.

         Semmelweis procurou explicações para a febre puerperal. Através de um estudo cuidadoso, ele foi excluindo as várias causas que haviam sido sugeridas.

         Uma das explicações preferidas era a de causas atmosféricas, como miasmas ou variações climáticas. Semmelweis construiu tabelas de mortalidade, com os dados de vários anos, e observou que havia uma mortalidade grande, constante, em todas as épocas do ano, com qualquer tipo de clima. Além disso, sabia-se que as pessoas que preferiam realizar o parto em suas casas raramente ficavam doentes, o que parecia excluir qualquer causa atmosférica, cósmica ou telúrica. Quando a epidemia se intensificava e a maternidade era fechada, as mortes diminuíam.

         A causa devia estar dentro do próprio hospital. No entanto, mesmo dentro do prédio, ocorria um fato inexplicável. Em geral, a mortalidade na divisão de Semmelweis era quatro vezes maior do que na Segunda Clínica. Como ambas ficavam no mesmo prédio, Semmelweis começou a procurar a causa dessa diferença, convencido de que havia fatores nocivos dentro dos limites da Primeira Clínica Obstétrica.

         Era fato bem sabido, na cidade, que a mortalidade na Primeira Clínica era grande. Sugeriu-se que o medo da Primeira Clínica poderia influir nas pacientes, enfraquecê-las e produzir a febre puerperal. Semmelweis, no entanto, afasta essa possibilidade. Por um lado, o médo só poderia ter surgido após um período em que a mortalidade na Primeira Clínica fosse maior do que na Segunda. Por outro lado, não se podia conceber como o medo poderia produzir uma doença tão grave e mortal.

          Semmelweis tomava hipótese por hipótese, analisava as evidências, e ia excluindo uma por uma. Mesmo as sugestões mais estranhas eram levadas em conta, pois tratava-se de um problema gravíssimo: estava em jogo a vida de centenas de mulheres.

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