Capítulo 7: A Varíola e a Descoberta da Vacinação

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HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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CAPÍTULO 7: A VARÍOLA E A DESCOBERTA DA VACINAÇÃO


    A VARÍOLA E SUA PREVENÇÃO

         A varíola (também chamada antigamente de "bexiga") era uma enfermidade que hoje se considera extinta em todo o mundo. Foi, no entanto, um terrível problema durante séculos.

         A manifestação da varíola se inicia pela febre, seguida pelo aparecimento de muitas erupções com a forma de pequenos pontos. Eles aumentavam durante uma semana, podendo também atingir a laringe. As pústulas se espalhavam pelo corpo todo, inclusive pelo rosto. Quando o doente sobrevivia, as pústulas secavam e caiam duas ou três semanas depois.

         O início da varíola era semelhante à popular catapora. No entanto, a doença era muito mais perigosa: matava uma grande parte das pessoas atingidas, produzindo danos permanentes nas que se salvavam: deformações físicas, cegueira e grandes cicatrizes.

         O nome da doença vem do latim "varius", usado por Plínio e Celsus para indicar uma enfermidade com pontos na pele. No entanto, a varíola propriamente dita não parece ter sido conhecida na Europa, antes da Idade Média. Nessa época, aparecem as primeiras descrições da doença por médicos árabes: Rhazes e Avicena.

         Supõe-se que os árabes tenham espalhado a varíola pela Palestina, Síria, Egito, Pérsia e depois Espanha. Os cruzados levaram a enfermidade para a Europa, onde ela se tornou comum a partir dessa época. Posteriormente, os europeus se encarregaram de espalhar também a doença. No México, a varíola foi introduzida por um escravo negro das forças espanholas e matou a metade dos habitantes. A doença foi chamada Matla-zahuatl. Segundo Torquemada, morreram 800.000 nativos em 1545 e 2.000.000 em 1576. Atribui-se também à varíola grande parte da redução dos índios da Califórnia.
         Mas a enfermidade não surgiu no mundo na Idade Média. Algumas múmias egípcias, como a de Ramsés V, morto em 1157 antes da era cristã, apresentam erupções que são atribuídas à varíola. Em muitos povos, a doença era tão importante que era associada a divindades específicas. Na Índia, a deusa Sitala Mata era invocada para a cura dessa doença. No Japão, uma figura do herói Tametomo, que se contava ter vencido o demônio da varíola, era colocado no quarto dos doentes para ajudar na sua recuperação. Na China, os deuses Ma-Chen e Pan-Chen estavam associados à doença. Na África, o deus da varíola entre os Yorubás era Sopona, que foi depois introduzida no Brasil com os nomes de Omolu e Obaluaê.

Deusa indiana Sitala Mata.

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