Capítulo 2: Medicina Mágica e Religiosa

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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CAPÍTULO 2 - MEDICINA MÁGICA E RELIGIOSA


    MAGIA E CONTÁGIO

         A idéia moderna de contágio tem raízes muito antigas, no pensamento primitivo. Ela surgiu do pensamento mágico, pré-científico, que sobrevive em muitos povos, como os índios.

         Não se pode saber ao certo como eram as concepções sobre enfermidades e medicina no período pré-histórico (antes da existência da escrita). Parecem sempre ter existido doenças, pois os fósseis de animais e homens pré-históricos mostram claros sinais de doenças que conhecemos. Por isso, é natural pensar-se que sempre houve uma preocupação com elas, que deve ter gerado hipóteses sobre suas causas.

         Procura-se em geral "adivinhar" como eram essas concepções mais antigas estudando-se os chamados povos "selvagens" ou "primitivos"  atuais (indígenas e aborígenes, que não possuem sistema de escrita). É claro que as idéias de um índio brasileiro atual (mesmo supondo que ele não foi aculturado) não devem ser iguais às de seus ancestrais de 5.000 anos atrás. No entanto, foram encontradas certas idéias muito comuns na maior parte dos povos "primitivos", e pode-se supor que elas tenham existido desde os tempos pré-históricos.

         Embora o conceito científico de contágio seja moderno, a sua idéia geral é antiga e primitiva. "Contágio" significa a passagem de alguma coisa de uma pessoa (ou de um animal, objeto, etc.) para outra, pelo contato físico . Antes de se tornar um conceito médico, essa idéia surgiu como um conceito mágico.
   Este curandeiro está "extraindo" uma enfermidade, introduzida por magia no corpo do doente.
         Uma concepção extremamente difundida por toda a humanidade, desde tempos remotos, é a de que se estabelece uma ligação ou vínculo com aquilo que tocamos. Em diversas práticas de magia, para se enfeitiçar uma pessoa e obter o seu amor, era necessário tocá-la com o dedo, ou obter algum objeto que tivesse sido tocado ou usado pela pessoa, pois assim se podia criar uma ligação com ela. Da mesma forma, na feitiçaria, para se influenciar uma pessoa, fabrica-se um boneco no qual se coloca alguma coisa dessa pessoa (cabelos, unhas, pedaço de tecido, etc.). Supõe-se que, assim, o boneco se torna ligado à pessoa e aquilo que se fizer com ele (por exemplo, espetando com alfinetes) irá repercutir também na pessoa (que ficará doente ou morrerá).

         O contato direto entre um bruxo e uma pessoa era considerado o mais perigoso: acreditava-se que encostando um dedo ou mesmo pisando na sombra de uma pessoa, o mago poderia passar-lhe doenças, tirar sua vitalidade (roubar sua alma), etc. 

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