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Um outro processo para proteger contra a varíola foi desenvolvido
na China. Conta-se que uma monja chinesa vivia como eremita em uma montanha
próxima ao Tibet. Para proteger as crianças, ele preparou
um pó utilizando cascas secas das feridas de varíola, que
eram pulverizadas e misturadas com uma planta (Uvularia grandiflora). Em
dias propícios, especialmente escolhidos, esse pó era soprado
na narina de crianças sadias, utilizando-se um canudo de prata.
Para as meninas, era utilizada a narina esquerda, e para os meninos, a
direita. Essas crianças, após alguns dias, desenvolviam uma
forma branda de varíola, recuperavam-se e ficavam depois protegidas
durante o resto da vida contra a doença.
Não se sabe atualmente como essa monja chegou a tal prática.
A população da época a atribuiu a uma inspiração
divina.
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Os chineses protegiam as crianças contra a varíola soprando
em suas narinas um pó tirado das feridas dos doentes.
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Os procedimentos desenvolvidos na Índia e na China são diferentes
e parecem não ter se inspirado um no outro. Nos dois casos, pode-se
supor que as pessoas perceberam que a varíola era transmissível
e que o contato com as feridas aumentava a possibilidade de contágio.
Devia existir, então, nas feridas, algum material que transmitia
a doença. Por outro lado, sabia-se também que a enfermidade
nunca atacava duas vezes a mesma pessoa. Podia-se portanto tentar transmitir
a doença a pessoas fortes, sadias, para que elas ficasse protegidas
da doença. No entanto, era impossível prever o que aconteceria.
Poderia acontecer que as pessoas que fossem artificialmente contagiadas
morressem. Por sorte, verificou-se que isso não acontecia, e os
processos passaram a ser aplicados com sucesso.
A varíola artificial não era totalmente segura. Na Índia,
aparentemente, uma pessoa em cada 500 inoculadas morria. No entanto, a
doença era tão comum e tão grave, que o risco parecia
pequeno e valia a pena arriscar-se. |
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