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Na Índia e na China, a varíola era conhecida desde tempos
muito antigos. Ela estava sempre presente, aumentando de intensidade no
verão. Nessas duas regiões, foi descoberto um modo de evitar
a perigosa enfermidade. O processo, que muito tempo depois iria levar à
descoberta da vacinação, consistia em produzir nas pessoas
sadias um ataque atenuado de varíola. As pessoas ficavam depois
protegidas contra a doença, pois ela só atinge uma vez cada
pessoa.
Na Índia, havia sacerdotes (brâmanes) itinerantes, que se
dedicavam à prevenção dessa doença. A cada
ano, eles cuidavam recolhiam o líquido que aparecia nas pústulas
das pessoas atacadas pela varíola, impregnando com esse pus pequenos
pedaços de algodão. Esse material era guardado durante um
ano ou mais.
Foto da múmia de Ramsés, com sinais de erupções
hoje atribuídas a varíola.
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Antes da época em que a varíola costumava aparecer, os brâmanes
iniciavam seu trabalho. As pessoas se preparavam, evitando comer peixe,
leite e um tipo de manteiga feita de leite de búfala. Os brâmanes
escolhiam uma parte do corpo para introduzir o pus da varíola -
geralmente a parte externa do braço, sendo os homens entre o pulso
e o cotovelo e as mulheres entre o ombro e o cotovelo. O operador primeiro
esfregava essas partes com um pano seco, durante oito a dez minutos; depois,
com um pequeno instrumento feito como um bico de corvo agudo na ponta,
fazia em um pequeno espaço, do tamanho de uma pequena moeda, vários
arranhões leves, de modo que aparecesse um mínimo de sangue.
Aplicava-se então um pouco de algodão impregnado com matéria
variólica, depois de ser molhado com um pouco de água sagrada
do rio Ganges. Enrolava-se em cima uma atadura. Seis horas depois a bandagem
era removida e deixava-se o algodão cair. Surgiam em geral de 50
a 100 pústulas pelo corpo, pela inoculação. Essas
pústulas eram menores do que as que surgiam na doença espontânea,
e embora a pessoa tivesse febre, recuperava-se com relativa facilidade,
sem que a enfermidade deixasse marcas. |
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