Capítulo 7: A Varíola e a Descoberta da Vacinação

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HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Sistemas semelhantes de inoculação da varíola foram descobertos independentemente em outros locais - inclusive na Europa - mas não tiveram grande difusão. Sabe-se que no principado de Gales, muitos séculos atrás, fazia-se "enxerto" de varíola. O procedimento eram chamado "comprar bexiga", pois se pagavam duas ou três moedas à pessoa que fornecia a doença aos outros. O procedimento era popular entre os estudantes: a mão ou braço eram arranhados, esfregando-se sobre o arranhão a matéria da varíola. Na Dinamarca, havia um costume semelhante no século 15. No entanto, tudo isso parecia apenas superstição ou folclore. A Medicina erudita ignorava o processo.

         Em meados do século XVII, missionários jesuítas que estavam na China comunicaram aos europeus o método de inalação das cascas de feridas para prevenção da varíola. Mas o método não sucitou muito interesse. Nessa mesma época, o método indiano é adotado na Grécia, no Egito e depois na Turquia, e de lá acabou chegando à Europa.

         O processo utilizado nesses locais consistia em passar a doença diretamente de um doente para uma pessoa sadia. Arranhava-se ou perfurava-se o braço ou a testa da pessoa com uma agulha, que estava embebida no líquido de uma pústula "madura" (tendendo a secar).

         Na Turquia, os maometanos não aceitaram o processo de inoculação. Os cristão turcos utilizavam o processo, e observava-se uma enorme diferença de mortalidade pela varíola, entre as duas populações. O fato foi observado e impressionou o médico grego Emanuel Timoni, que estava na Turquia em 1713. Ele enviou uma carta à Inglaterra, comunicando suas observações, e seu trabalho foi publicado pela principal sociedade científica da época: a Royal Society, de Londres. Mesmo assim, o processo não despertou interesse. Ele só foi difundido graças ao esforço de uma mulher: Lady Mary Wortley Montague.

          Lady Montague era esposa do embaixador inglês em Constatinopla. Em 1717, diante do perigo da varíola, fez inocular seu filho naquela capital por Maitland, um cirurgião inglês. Em 1722 ela retornou à Inglaterra e sua jovem filha foi inoculada por uma pequena incisão em cada braço. Foi a primeira pessoa inoculada na Inglaterra. A notícia se espalhou e, graças ao prestígio de Lady Montague, alguns meses depois, a princesa e outros membros da família real foram inoculados, com sucesso.

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