Capítulo 7: Kant e Laplace: A Formação do Sistema Solar |
TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO |
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7.3 A ORIGEM
DO SISTEMA SOLAR
Até aqui, Kant está descrevendo a sua visão de universo, e não está ainda tentando explicar a sua origem. Essa primeira parte de seu trabalho é bastante bem fundamentada e muitas de suas idéias são aceitas atualmente. Na segunda parte de seu livro, Kant procura discutir a origem dos corpos celestes. Ele não aceita que a concordância dos movimentos de todos os planetas do sistema solar seja um acaso; deve ter existido alguma causa que fez com que todos se movessem quase no mesmo plano e no mesmo sentido. Mas que causa seria essa? O espaço celeste parece vazio; não se observa nada, entre os planetas, que pudesse ser a causa desse seu movimento. A teoria dos turbilhões de Descartes não pode ser aceita. Porém, é preciso admitir que, quando os planetas começaram a se mover, devia existir alguma causa que os moveu dessa maneira. Embora o espaço interplanetário seja atualmente vazio, ele poderia não ser vazio antes. Assim, se houvesse inicialmente uma matéria preenchendo inicialmente todo o sistema solar, essa matéria poderia ter determinado o movimento posterior dos planetas. Kant apresenta então sua hipótese básica: inicialmente, toda a matéria que atualmente constitui os corpos celestes estaria espalhada uniformemente pelo espaço, formando um caos inicial. Eu suponho que, no começo de todas as coisas, todas as matérias de que são compostos os globos que pertencem ao nosso mundo solar – todos os planetas e cometas, decompostos em sua matéria primordial elementar – enchiam todo o espaço do universo no qual eles atualmente giram. Esse estado da natureza parece ser o mais simples que possa existir, depois do nada, se considerarmos essa idéia em si mesma, sem pensar em nenhuma teoria. Nesse tempo, nada havia se formado. A composição dos corpos celestes, distantes uns dos outros, seus afastamentos, e sua forma que resulta do equilíbrio da matéria reunida são um resultado mais tardio. A natureza, imediatamente saída da criação, era tão grosseira e tão sem forma quanto possível. No entanto, nas propriedades essenciais dos elementos que formam o caos, já se pode encontrar o sinal dessa perfeição que eles adquirem de sua origem, pois sua essência é uma conseqüência da idéia eterna da razão divina. As propriedades mais simples, as mais gerais que parecem ter sido esboçadas sem nenhuma intenção, nessa matéria que parece ser somente passiva e não ter forma nem organização, possuem em seu estado mais simples uma tendência a se transformar em uma constituição perfeita, por um desenvolvimento natural. |
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CRONO LOGIA |