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A versão mais elaborada dessas idéias é apresentada
por Descartes em sua obra “Princípios da Filosofia”.
Descartes imagina o universo, inicialmente, como um espaço totalmente
preenchido por uma matéria homogênea: igual em todos os lugares.
Não existiria nem luz, nem estrelas, nem planetas, nem nada que
conhecemos. Essa matéria inicial seria sólida – como um imenso
bloco de cristal. Deus, no entanto, teria dado dois movimentos iniciais
a essa matéria, quebrando-a em pequenos blocos: um movimento interno,
de rotação de cada pedaço em torno de si próprio,
que faria com que a matéria inicialmente sólida fosse se
fragmentando em pedaços cada vez menores, produzindo uma espécie
de “pó” que preencheria todos os espaços entre as partícula
maiores; e um movimento de rotação de diferentes grupos de
partículas em torno de um centro comum. As partículas iniciais
não tinham nenhuma forma arredondada, senão não poderiam
preencher todo o espaço. Mas, pela sua rotação, em
contato com outras partículas, iriam perdendo suas pontas e se tornando
arredondadas. |
Princípios da filosofia, de René Descartes.
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Através do movimento e sucessiva quebra das partes da matéria,
teriam se originado diferentes tipos de partículas – todas constituídas
a partir da mesma matéria primitiva. Descartes distingue três
tipos de “elementos” produzidos dessa forma: partículas sólidas
maiores, tais como as que constituem o solo; uma matéria mais sutil
(“segundo elemento”), resultante do arredondamento das partículas
sólidas, e que seria constituída por partículas esféricas
muito pequenas; e algo ainda menor (“primeiro elemento”), que preencheria
todo espaço não ocupado por esses outros tipos de matéria.
Descartes imagina que a matéria primordial foi agitada por Deus,
de modo desordenado, em todas as direções. Esse movimento
inicial produziria movimentos circulares: imensos turbilhões e redemoinhos
distribuídos pelo espaço. |
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