Capítulo 4: A Reinterpretação Filosófica dos Mitos |
TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO |
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Há, portanto, o reconhecimento de uma fraqueza fundamental, impossível
de ser superada, no conhecimento humano. Assim, apenas se pode falar sobre
o “mito provável” a respeito da origem do universo (ou sobre qualquer
outro “conhecimento” sobre o mundo).
Apesar disso, o que Timeo vai apresentar não é uma idéia totalmente arbitrária, nem é o resultado da inspiração das Musas e sim o resultado de reflexão, de um esforço intelectual. Não é um “mero mito”. É um mito filosófico. Pode-se notar isso desde o princípio, quando ele procura argumentar que o universo tem necessariamente uma causa e que foi criado. Terá o universo existido sempre, sem início? ou terá ele sido criado, e teve um início? Foi criado, eu respondo, pois ele é visível e tangível e tem um corpo, sendo portanto sensível; e todas as coisas sensíveis são apreendidas pela opinião e pelos sentidos e estão em um processo de criação e são criadas.Note-se, aqui, a presença do argumento filosófico. Em um mito propriamente dito, não se discute se o universo sempre existiu ou não. Simplesmente se descreve como ele surgiu. Mas o Timeo começa por discutir se ele de fato surgiu ou se é eterno. E faz isso através de argumentos racionais e não através da inspiração divina ou baseando-se na tradição.
É claro que não se pode dizer que esse argumento “prova”
que o universo foi criado. Se admitirmos que tudo aquilo que é percebido
pelos sentidos está sempre em um processo de mudança, a única
conclusão a que se chega é que o universo antes era diferente
do que é hoje; mas não é preciso concluir que ele
teve um início e foi criado. O argumento não é decisivo,
mas pelo menos existe uma discussão filosófica junto ao mito.
4.3.2 O artesão do universo e o seu projeto Tendo admitido que o universo foi criado, Timeo pressupõe que houve um criador e discute como ele planejou o universo. Ele teria elaborado um projeto, um modelo perfeito, para que sua obra fosse o mais perfeita possível. |
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CRONO LOGIA |