Capítulo 3: O Pensamento Filosófico e a Origem do Universo |
TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO |
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Essa substância primordial, o ápeiron, seria indestrutível,
ou “imortal”: ela não deixa de existir quando a partir dele se formam
as diferentes substâncias e coisas do universo, mas continuaria a
existir dentro delas, tendo apenas adquirido uma nova aparência.
Essa idéia elimina, portanto, a possibilidade de um início
absoluto de tudo: o ápeiron não tem início, ele sempre
existiu. Pelo contrário, o universo provém do ápeiron,
e pode não ser eterno. Talvez Anaximandro tivesse concebido a possibilidade
de diversos mundos, formando-se a partir da destruição do
anterior; mas não se sabe com certeza se ele de fato defendeu essa
idéia.
O ápeiron seria infinito, preenchendo todo o espaço. Não existiria nenhum lugar vazio ou com outro tipo de substância. O ápeiron existiria dentro de tudo o que conhecemos. Os filósofos pós-socráticos que descreveram o pensamento de Anaximandro lhe atribuem a idéia de que os opostos provêm da separação a partir do ápeiron. Isso não quer dizer que o ápeiron fosse uma mistura de opostos: ele é uma substância única. Talvez uma boa comparação fosse a seguinte: suponhamos que exista uma grande extensão de areia, totalmente plana, sem altos nem baixos. Pode-se fazer um buraco nessa areia, mas, para isso, a areia tirada do buraco precisa ser colocada em algum lugar e vai produzir um monte, de volume equivalente ao do buraco. O buraco e o monte podem ser considerados como opostos, que não existiam antes, mas que passam a existir ao mesmo tempo, a partir de algo que não tinha nem buracos nem montes.
É a partir do ápeiron que se forma o mundo. Anaximandro parece
ter sido o primeiro pensador grego a propor uma teoria racional pela qual
o mundo se forma a partir de uma matéria que existe por si mesma,
e na qual não existe a intervenção de deuses ou outros
seres sobrenaturais.
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CRONO LOGIA |