Capítulo 10: A Teoria da Relatividade e a Cosmologia Moderna |
TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO |
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Até chegar a esse estágio, a velocidade de expansão
estava diminuindo, e Lemaître vai supor que era muito pequena, quando
chegou à densidade de equilíbrio. Como, nesse estágio,
o universo não tem nenhuma tendência a se contrair nem a se
dilatar, e sua velocidade era muito pequena, ele deve ter mantido essa
baixa velocidade durante um grande tempo, e só aos poucos foi aumentando
de novo sua velocidade, à medida que a repulsão cósmica
ultrapassou a atração gravitacional. A partir daí,
a velocidade iria crescendo cada vez mais rapidamente.
De acordo com esse modelo, o tempo que pode ter decorrido desde o início da explosão do átomo primitivo não pode ser calculado a partir do valor atual da constante de Hubble: ele pode ser muito superior ao que foi indicado acima. Assim, era possível conciliar esse modelo com qualquer idade que se quisesse atribuir à Terra ou às estrelas. É importante comentar um pouco o espírito geral da proposta de Lemaître. Existem teorias que fazem cálculos e previsões muito claros, que permitem comparações precisas com a observação. Mas há teorias em que há muitos fatores que podem ser alterados à vontade, e que podem ser sempre adaptados, qualquer que seja o fato observado, de modo que a teoria sempre pode ser “salva”. A teoria da relatividade geral surgiu, inicialmente, como uma teoria muito clara e definida, com a possibilidade de fazer cálculos e predições que não podiam ser ajustados. Por exemplo: quando se observou, em 1919, o desvio gravitacional da luz, a teoria havia feito uma previsão muito clara sobre o valor desse desvio. Se as medidas tivessem dado um valor que fosse a metade ou o dobro da previsão, não haveria nenhum “jeitinho” que pudesse salvar a teoria da relatividade. Ela teria que ser abandonada ou sofrer uma mudança radical. A situação mudou, no entanto, quando Einstein introduziu a “constante cosmológica”: a teoria se tornou muito mais maleável. Como o valor dessa constante não é conhecido e não é determinado pela teoria, pode-se ajustar esse valor de tal modo que os cálculos concordem com a observação. Como havia ainda outros fatores ajustáveis na teoria, era possível, em princípio, um número infinito de modelos cosmológicos diferentes, todos eles satisfazendo os fatos conhecidos. Ou seja: era totalmente impossível justificar a escolha de um desses modelos ao invés de um outro. |
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CRONO LOGIA |