Capítulo 6: Do Período das Grandes Descobertas ao Século XVIII

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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       Nessa época, o cólera não se espalhou pelo mundo. Apenas no século XIX, como veremos mais tarde, a enfermidade produziu sucessivas epidemias na Europa e no restante do mundo, produzindo grande mortalidade.
 

    Sífilis

         No final do século XV, a doença que chamamos de sífilis tornou-se conhecida em toda a Europa. Ela chamou a atenção pública, pela primeira vez, durante o cerco que os franceses fizeram à cidade de Nápoles. Por isso, os franceses chamavam a enfermidade de "doença de Nápoles", enquanto os italianos a chamavam de "doença francesa" (morbo galico, em latim). Muitos autores supõem que se trata de doença antiga na Europa, mas que ainda não tinha sido descrita. Outros acham que a enfermidade foi trazida da América, pela frota de Colombo. O escritor espanhol Gonçalo Herñandez de Oviedo escreveu, em 1535:

Muitas vezes na Itália eu ria, ouvindo os italianos nos falarem sobre o mal francês e os franceses chamarem-no de mal de Nápoles. Na verdade, uns e outros acertariam o nome se dissessem o mal dos índios.
         Segundo Oviedo, um dos companheiros de viagem de Colombo (Vicente Pinzon), lhe contou que no ano de 1493, quando a esquadra de Colombo regressou à Espanha, a doença começou a se manifestar entre os espanhóis e que já se sabia que ela era transmitida nas relações sexuais. Muitas pessoas morriam, pois "como a doença era coisa nova, não a entendiam nem sabiam curar os médicos". No ano seguinte, os espanhóis enviaram tropas para auxiliar o rei Fernando de Nápoles, contra Carlos VIII da França. Entre os espanhóis devem ter ido vários sifilíticos, e a enfermidade se espalhou entre os franceses e italianos.

         Com as viagens dos portugueses à Índia, a enfermidade se espalhou por lá, onde se tornou conhecida como "paranque rere", que significa "a doença do português".

         No Brasil, já existia uma doença semelhante à sífilis. José de Anchieta diz que os índios muitas vezes tinham feridas nos órgãos sexuais, e que essa doença era transmitida às mulheres: "Não só se tornam eles feios com o aspecto horrível da moléstia, como também mancham e infeccionam as mulheres com quem se põem em contato".

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