Capítulo 2: Medicina Mágica e
Religiosa

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Todas essas idéias fazem com que surja um temor de tocar ou se aproximar de qualquer coisa considerada negativa, por medo de se ligar a ela e receber algum tipo de "contágio" maligno. Assim, o contágio, fosse intencional (por um mago ou feiticeira), fosse ocasional (por contato com algum doente ou com um objeto maligno) era visto como uma importante causa de doenças.

         Os mortos, por exemplo, eram vistos como algo perigoso. Isso era reconhecido tanto no caso de morte natural, como, principalmente, no caso de mortes por causas estranhas, desconhecidas. Evitava-se tocar neles, ou mesmo em seus objetos. Eram realizados vários rituais que procuravam quebrar a ligação entre os vivos e os mortos. Muitas vezes, a cabana e os objetos do morto eram queimados, para que não pudessem contagiar outras pessoas.

         Não eram apenas influências negativas que se supunha serem transmitidas por contágio. As influências positivas de um objeto sagrado ou de uma pedra preciosa também poderiam atuar pelo simples toque. Tocando ou carregando consigo um cristal, a pessoa se unia a esse cristal e adquiria seu poder. Também se acreditava que um sacerdote ou mesmo um rei poderia transmitir um poder positivo, pelo toque.

         Sempre que surgia alguma doença "estranha", que não podia ser curada pelos meios domésticos comuns, supunha-se que a causa era sobrenatural. Supunha-se que ela pudesse ser enviada por demônios, por feiticeiros ou pelos deuses. Em qualquer caso, acreditava-se que essas doenças estavam associadas também a algum tipo de infração cometida pelo doente ou por alguém de sua família. Essa infração poderia ter sido algum tipo de pecado ou ofensa a um ser sobrenatural, ou algum comportamento errôneo para com outras pessoas - uma transgressão social ou moral. Para determinar o tipo exato de doença, o curandeiro precisava também atuar como confessor, fazendo com que o doente procurasse se lembrar de todo tipo de falta cometida, que pudesse ter desencadeado a doença como castigo. Também se recorria a práticas de adivinhação com ossos, conchas, etc., para determinar a causa da doença.

         Nem todas as doenças eram vistas como causadas por contágio. Havia outras causas - algumas delas sobrenaturais, como a cólera dos deuses e demônios; outras naturais. Doenças como resfriados, reumatismo, etc., eram vistas como ocorrências naturais, que não precisavam de explicação especial. Eram tratadas com remédios domésticos. No entanto, outras doenças eram vistas como algo estranho e misterioso, sendo necessário, nesse caso, recorrer a um sacerdote ou a um feiticeiro.

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