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Essas regras já haviam sido sugeridas pelo próprio Henle,
trinta anos antes. Mas ninguém, antes de Koch, havia sequer tentado
completar todos esses passos da pesquisa. Por isso, o estudo do antraz
por Koch, publicado em 1876, pode ser considerado como uma revolução
no estudo científico das enfermidades produzidas por microorganismos.
Em 1890, Koch apresentou uma conferência, em que fez comentários
sobre o surgimento da bacteriologia científica:
A bacteriologia é
uma ciência muito jovem - pelo menos no que se refere a nós,
os médicos. Cerca de 15 anos atrás, sabia-se sobre esse assunto
quase nada além disto: em casos de antraz e febre recorrente, foram
encontrados no sangue certos objetos peculiares, estranhos; e os chamados
vibriões ocorrem em casos de doenças infecciosas de feridas.
Não havia sido fornecida prova de que esses objetos eram a causa
das doenças respectivas e, com a excessão de uns poucos investigadores,
que eram considerados como sonhadores, as pessoas os consideravam mais
como curiosidades do que como possíveis causas de enfermidade.
(...)
A idéia de que os microorganismos
podem ser a causa de doenças infecciosas já havia sido expressa
muito tempo atrás por alguns poucos homens, mas a maioria não
aceitou a sugestão. Pelo contrário, as primeiras descobertas
nessa direção foram consideradas por eles com ceticismo.
Portanto era ainda mais essencial oferecer de início uma evidência
irrefutável de que os microorganismos encontrados no caso de uma
certa doença são realmente sua causa. Nessa época
ainda se fazia corretamente a objeção de que poderia haver
apenas uma coincidência acidental entre o microorganismo e a enfermidade
e que eles não teriam o papel de parasitas perigosos, mas apenas
de [parasitas] inócuos, que encontraram em órgãos
doentes as condições de existência necessárias
que não lhes eram oferecidas no corpo sadio. Muitas pessoas admitiram,
de fato, as propriedades patogênicas das bactérias, mas consideravam
possível que elas tivessem se originado de outros microorganismos
inócuos, presentes acidentalmente ou regularmente no corpo, tornando-se
patogênicos sob a influência do processo da enfermidade.
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