Capítulo 11: Aperfeiçoamento e Dificuldades da Teoria Microbiana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Essas regras já haviam sido sugeridas pelo próprio Henle, trinta anos antes. Mas ninguém, antes de Koch, havia sequer tentado completar todos esses passos da pesquisa. Por isso, o estudo do antraz por Koch, publicado em 1876, pode ser considerado como uma revolução no estudo científico das enfermidades produzidas por microorganismos.

         Em 1890, Koch apresentou uma conferência, em que fez comentários sobre o surgimento da bacteriologia científica:

A bacteriologia é uma ciência muito jovem - pelo menos no que se refere a nós, os médicos. Cerca de 15 anos atrás, sabia-se sobre esse assunto quase nada além disto: em casos de antraz e febre recorrente, foram encontrados no sangue certos objetos peculiares, estranhos; e os chamados vibriões ocorrem em casos de doenças infecciosas de feridas. Não havia sido fornecida prova de que esses objetos eram a causa das doenças respectivas e, com a excessão de uns poucos investigadores, que eram considerados como sonhadores, as pessoas os consideravam mais como curiosidades do que como possíveis causas de enfermidade. 
(...)
A idéia de que os microorganismos podem ser a causa de doenças infecciosas já havia sido expressa muito tempo atrás por alguns poucos homens, mas a maioria não aceitou a sugestão. Pelo contrário, as primeiras descobertas nessa direção foram consideradas por eles com ceticismo. Portanto era ainda mais essencial oferecer de início uma evidência irrefutável de que os microorganismos encontrados no caso de uma certa doença são realmente sua causa. Nessa época ainda se fazia corretamente a objeção de que poderia haver apenas uma coincidência acidental entre o microorganismo e a enfermidade e que eles não teriam o papel de parasitas perigosos, mas apenas de [parasitas] inócuos, que encontraram em órgãos doentes as condições de existência necessárias que não lhes eram oferecidas no corpo sadio. Muitas pessoas admitiram, de fato, as propriedades patogênicas das bactérias, mas consideravam possível que elas tivessem se originado de outros microorganismos inócuos, presentes acidentalmente ou regularmente no corpo, tornando-se patogênicos sob a influência do processo da enfermidade.
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