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Embora o ácido fênico parecesse adequado para a desinfecção
das mãos e de objetos como as esponjas de limpeza, muitos preferiam
a desinfecção dos outros instrumentos pelo fogo ou pelo aquecimento
em vapor ou estufas, de acordo com o método desenvolvido a partir
de 1880 por Octave Terrillon em Paris e Schimmelbusch em Berlim.
Para uso local nas feridas, o ácido fênico foi em geral substituído
por outros antis-sépticos, como a solução de iodo,
a água oxigenada, compostos de mercúrio.
O estudo microscópico, ao invés de fortalecer o trabalho
de Lister, trouxe uma nova crítica: nos seus curativos eram encontrados
todos os tipos de microorganismos. |
Para evitar a infecção nas cirurgias, Lister borrifava
anti-sépticos durante as operações (gravura de 1882).
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Aos poucos, todos os aspectos do trabalho de Lister foram sendo criticados
- com bons argumentos e total razão. É difícil indicar
algo que tenha sido mantido, de sua proposta inicial. A hipótese
básica de Lister, fundamentada no trabalho de Pasteur (ou talvez
devêssemos dizer: nas pesquisas de Lemaire), era de que a causa das
infecções das feridas e cortes cirúrgicos eram germes
que vinham do ar. A experiência mostrou que a grande fonte de germes
eram os instrumentos e mãos dos médicos e enfermeiras e por
isso as pulverizações e coberturas dos curativos foram abandonados.
Lister acreditou na necessidade de utilizar antissépticos fortíssimos
nas feridas e curativos, para impedir sua infecção. Posteriormente,
preferiu-se utilizar nas feridas antissépticos mais brandos, e gazes
esterilizadas, mas sem antisséptico. O ácido fênico
foi abandonado, substituído por outras substâncias. Ao invés
de destruir os germes causadores da putrefação (antissepsia),
passou-se a adotar medidas que evitavam a presença desses germes
(assepsia).
O golpe final contra as propostas de Lister veio, por ironia, do próprio
Louis Pasteur, que sempre divulgou e deu apoio a Lister. Depois de muitas
tentativas, Pasteur conseguiu identificar e isolar o microorganismo causador
das infecções mais graves - da septicemia. Descobriu então
que se tratava de um vibrião anaeróbico - ou seja, que vive
e se reproduz sem contato com o ar, sendo destruído pelo oxigênio.
A conclusão imediata dessa descoberta é que os cuidados tomados
por Lister para evitar o contato entre o ar e a ferida eram prejudiciais,
pois protegiam os vibriões contra o oxigênio que poderia destruí-los. |
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