Capítulo 9: O Processo de Transmissão das Doenças

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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Certas pessoas resistem à ação dos vírus mais constantes em seus efeitos, como os da vacina; outros são acessíveis às manifestações miasmáticas mais fracas. Nas condições ordinárias, o miasma colérico não encontra felizmente senão por excessão um terreno preparado para sua evolução; portanto, nem todas as pessoas que vivem nesse meio infectado sofrem necessariamente sua influência perigosa.
     Os cuidados de higiene recomendados por Bonjean consistem principalmente na desinfecção das matérias fecais pelo sulfato de ferro, e dos leitos, das roupas e outros objetos, por imersão em água clorada. É interessante assinalar que, além do sulfato de ferro, ele recomenda também colocar carvão pulverizado nos dejetos dos coléricos, pois "o carvão absorve os gases perigosos".

         Apesar de admitir que a água pode ser um veículo secundário de difusão do cólera, toda a descrição de Bonjean (típica do período) enfatiza o papel do ar, dos cheiros - enfim, dos miasmas.

         Algo semelhante ocorre em outros países, na época. Durante as décadas em que o cólera produz as grandes epidemias, o movimento sanitarista ressurge, com a mesma base teórica do século XVIII - a hipótese dos miasmas.

         Aproximadamente em 1850 surgem legislações sanitárias em diversos países. Na Inglaterra, o advogado Edwin Chadwick, utilizando dados estatísticos, estabeleceu a existência de uma correlação entre condições de vida e mortalidade. Seu trabalho procurava mostrar que as doenças transmissíveis eram causadas por miasmas, surgindo de matéria animal ou vegetal em decomposição, em lixo, excrementos, etc. O resultado obtido foram medidas de limpeza das cidades, construção de esgotos e suprimentos de água livres de contaminação.

         Foi também graças a esse movimento que o rio Tâmisa, que atravessa Londres, foi recuperado. Em meados do século XIX, o cheiro desse rio era tão terrível que se colocou em questão se o Parlamento (às suas margens) poderia continuar a se reunir. Pode-se imaginar que a situação fosse semelhante à do rio Tietê, que atravessa São Paulo.

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