Capítulo 8: Miasmas ou Microorganismos?

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         A situação nos hospitais era escandalosa. Doentes de todos os tipos ficavam misturados, em grandes salões, muitas vezes com dois ou três ocupando a mesma cama. Apenas após 1780 foram criadas as primeiras alas hospitalares separadas para doentes com enfermidades contagiosas.

         Esse amplo movimento higienista, que continuou durante o século XIX, não dispunha de nenhum conhecimento novo. A teoria básica era a dos miasmas. Havia apenas um interesse real em utilizar os conhecimentos disponíveis na melhoria da saúde pública e na prevenção das doenças. Mais necessária do que a pesquisa médica, foi a decisão política de mudar a situação existente, fazendo o melhor que se podia fazer. Por isso, os homens que contribuiram para a grande redução de mortalidade nos séculos XVIII e XIX não são conhecidos por suas teorias ou idéias. São médicos, escritores, políticos e administradores, muitas vezes desconhecidos, que uniram seus esforços tentando diminuir as enfermidades que matavam o povo.

         Foi graças a essa nova atitude que começaram a ser escritos livros especificamente dedicados à conservação da saúde - ou seja, à higiene, no sentido original da palavra . Antes do século XVIII, existiam nos tratados médicos menções aos modos de se conservar a saúde, mas, em geral, a ênfase era no tratamento e não na prevenção de doenças. A exceção principal eram os livros sobre os modos de evitar as pestes, que surgiam em meio às grandes epidemias. Mas não se considerava que, em condições normais de vida, fosse necessário dedicar tanta atenção à saúde.

         É curioso assinalar que, entre os meios para conservar a saúde popularizados na época, surgiu o tabaco. Sua fumaça parecia servir para proteger contra os ares infeccionados pelas doenças e até mesmo pela peste. Um dos que defendeu seu uso foi o médico holandês Diemerbroeck:

Com relação aos antídotos, recomenda-se entre os simples (..) o tabaco tomado como fumo, que se expira depois de ter ficado um pouco na boca, como costumam fazer os fumantes profissionais. Nesta peste, eu próprio experimentei sobre mim e sobre outras pessoas, os bons efeitos desse remédio.
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