Capítulo 8: Miasmas ou Microorganismos?

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         A situação era terrível nas residências, mas pior ainda em lugares em que se acumulavam muitas pessoas, como prisões, hospitais e instalações militares.

         No fim do século XVII, mais de 1/4 dos pacientes dos hospitais de Paris e Londres morriam. Ser levado para um hospital era semelhante a ser executado. O filósofo Gottfried Leibniz chamava os hospitais de "sementeiras da morte".

         Aos poucos, no entanto, foi ganhando força a idéia de que as doenças eram causadas pelo mau cheiro. Já vimos muitos exemplos disso, em capítulos anteriores. No século XVIII, torna-se bastante popular a teoria dos miasmas, para explicar não apenas as enfermidades dos pântanos, mas todas as doenças produzidas por cheiros de coisas estragadas e podres. A limpeza não é um problema estético: é uma questão de saúde, ou seja, de higiene (no sentido original da palavra). E o melhor guia para se livrar das doenças é a orientação do nariz.

         Não existe nenhuma preocupação com insetos, ratos ou outros animais, pois ninguém imaginava que eles pudessem transmitir enfermidades. A importância de afastar os excrementos e o lixo das casas era apenas o seu cheiro.

         A água também não devia ter cheiro. Esse era o critério principal, mais do que sua cor. A presença de microorganismos na água era conhecida e encarada com indiferença. Não se imaginava que eles pudessem ser nocivos.
 
         Durante o século XVIII, mantinha-se a idéia de que os perfumes podiam combater os efeitos nocivos dos miasmas; mas aos poucos vai-se preferindo eliminar os próprios fedores, ao invés de escondê-los. Passa-se a dar grande importância à ventilação das residên-cias, para que seu ar seja renovado e purificado. Observou-se que vários tipos de substâncias químicas eram capazes de evitar a putrefação e podiam, assim, ser utilizados contra a produção de miasmas. Essas substâncias foram chamadas de "antissépticas", isto é, contrárias à putrefação.

         Em torno de 1750, o cirurgião-geral do exército inglês, John Pringle (1707-1782), conseguiu uma significativa queda da mortalidade nos hospitais militares, através da limpeza e de uma melhor ventilação. A reforma das prisões inglesas foi obra do filântropo John Howard (1726-1790), que conseguiu diminuir a incidência de tifo, tuberculose e febre tifóide.


John Pringle, cirurgião-geral do exército inglês em 1750.

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