Capítulo 7: A Varíola e a Descoberta da Vacinação

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         O risco de adquirir varíola e ficar cego ou deformado devia ser muito maior. Por isso, a maior parte da população achava que era melhor se arriscar com a variolação do que ser atingido ela varíola natural.

         Na França, houve inicialmente forte reação contra o procedimento. Uma folheto anônimo, denominado "Razões de dúvidas contra a inoculação", questionava se podia deixar de ser criminosa a inoculação de uma doença sobre um corpo humano. Afirmava que não se conhecia se o processo era realmente antigo ou apenas uma invenção recente. O autor do folheto dizia que o procedimento adotado era arbitrário, injusto, falso, irregular. A variolação era totalmente contrária a tudo o que se sabia em Medicina (ou seja: contrária à teoria dos humores), pois não produzia a evacuação das matérias nocivas ao organismo. Por fim, reprovava o processo por vários motivos: a variolação "é contrária aos olhos do Criador"; não preserva da varíola natural; é contrária às leis civis; e parece mais pertencente à Magia, do que à Medicina.

         Quem se horrorizasse com o processo, na época, não podia ser criticado. Sob o ponto de vista mais intuitivo, é repugnante fazer uma ferida no braço e passar sobre ela o pus tirado de uma pessoa doente. Sob o ponto de vista racional, como se podia entender que o virus (veneno) da varíola produzida artificialmente se tornava mais fraco do que quando era recebido naturalmente, pelo contágio, em quantidade muito menor? E sob o ponto de vista teórico: por que motivo a pessoa que já adquiriu a enfermidade fica protegida depois contra ela? Nada era compreendido.

         A resistência na França foi vencida graças principalmente ao esforço do astrônomo e naturalista Charles-Marie de la Condamine, que escreveu a favor da variolação, em 1755, influenciando muitos nobres a se deixar inocular. Aproximadamente na mesma época, outros países da Europa aceitaram o processo.

         O método sofreu várias adaptações e mudanças. Na Itália, era seguido o seguinte processo: inicialmente, a pessoa devia se preparar, por alguns dias, seguindo um regime equilibrado, tomando um ou dois laxativos brandos, e, dependendo do temperamento da pessoa, fazendo uma sangria . Depois, fazia-se um corte na pele do braço, com o comprimento de uma polegada. Nesse corte era introduzida uma linha impregnada pelo líquido de uma pústula "madura". Depois de 40 horas, a linha era retirada.

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