Capítulo 6: Do Período das Grandes Descobertas ao Século XVIII

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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A todos os oficiais e soldados dos dois Terços pagos do presídio destas praças, e os condestáveis e artilheiros delas advirto que constando-me daqui em diante que vivem amancebados ou com ocasião próxima, e se não livrarem logo dela oito dias depois da publicação deste Regimento, será cada um deles preso por tempo de trinta dias com as circunstâncias de prisão que melhor a mim me parecer, os quais se agravarão aos oficiais e dobrarão no tempo se neles houver reincidência, e se a houver dos ditos soldados ou artilheiros irão da cadeia degredados dois para o Ceará, no que não haverá remissão alguma.
         Devia ser um castigo terrível, na época, ser mandado para o Ceará.

         Comentando sobre a doença, posteriormente, o frei Domingos do Loreto Couto notou que a epidemia havia poupado as virgens, o que confirmava que se tratava de um castigo divino pelos pecados carnais:

Das donzelas suposto que algumas internassem deste mal, não consta que alguma falecesse. Respeitam os Demônios as virgens por força, os Anjos por inclinação, e as respeitaria talvez o contágio por decreto superior.
         Havia cuidados especiais com os mortos: as covas deviam ser feitas longe do povoado e não perto das igrejas, como era costume. A profundidade das covas devia ser de pelo menos 5 palmos. A terra deveria ser muito bem socada e sobre ela deviam ser acesas fogueiras durante três dias. Depois sua superfície deveria ser ladrilhada, para que não saíssem de lá os vapores venenosos.

         A suposição básica que orientava todas essas medidas era a de que a doença podia ser transmitida de um doente às pessoas sãs, e que a transmissão podia se dar pelo contato direto, pelas roupas e pelo ar, através de "vapores pútridos".

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