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O raio se estendeu através deles.
O que estava embaixo, e o que estava acima?
Havia inseminadores, havia poderes,
autonomia embaixo e energia além.
Depois, no final
do hino, o seu autor apresenta a questão básica: como se
pode conhecer o que havia no início de tudo? Ele coloca em dúvida
que os próprios deuses, ou mesmo o deus supremo, possam saber isso:
Quem realmente sabe, quem poderia dizer
de onde brotou, de onde provém esta criação?
Os deuses são posteriores à sua produção.
Quem sabe então de onde ela surgiu?
De onde brotou esta criação,
se ela foi feita ou não o foi,
ele que a observa do mais alto dos céus,
ele realmente o sabe, ou talvez nem ele o saiba.
Tentar interpretar
todo esse hino exigiria um enorme número de páginas. Ele
busca compreender o início absoluto de tudo. Aquilo de onde tudo
vem, não era nada do que conhecemos, e só pode, por isso,
ser descrito através de símbolos ou de paradoxos: era uma
unidade, que respirava sem que existisse o vento (ou ar); não havia
o ser, nem o não-ser; não havia morte, nem imortalidade.
Não existiam os opostos que podemos conhecer pelo nosso pensamento.
Como, então, conhecer esse princípio? Os deuses não
presenciaram esse início, pois surgiram depois dele; por isso, nem
eles podem nos ensinar isso. Não nos adianta procurar textos sagrados,
revelações religiosas.
No entanto,
há algo de positivo nesse hino: “A união do ser ao não-ser
foi descoberta pelos sábios que refletiram sobre o que contemplaram
em seus corações.” Ou seja: existe um processo de conhecimento
que pode chegar àquilo que está, aparentemente, fora do alcance
dos próprios deuses. Os sábios descobriram essa “união
do ser ao não-ser” voltando-se para dentro de si próprios,
isto é, pela meditação. |
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