Capítulo 12: Estudos e Dúvidas mais Recentes

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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        Vê-se, assim, que a nova teoria, embora tenha sido considerada muito importante e seja aceita por grande número de cosmólogos, está longe de resolver todos os problemas. Além da questão da massa que está faltando, existe o próprio problema da homogeneidade do universo. Pois um dos aspectos mais interessantes da teoria do universo inflacionário era poder explicar como todas as partes do universo tiveram tempo de interagir e se tornar semelhantes entre si. Mas, nos dez anos depois da proposta da teoria, a observação foi mostrando a existência de estruturas antes desconhecidas, que violam a idéia de um universo homogêneo. Como fica, então, essa teoria?

        Depois dessas descobertas, houve várias tentativas de conciliar a teoria do universo inflacionário com um universo não homogêneo. Mas é claro que qualquer tentativa desse tipo é uma coisa forçada: se um dos grandes sucessos da teoria era explicar que o universo seria homogêneo, é evidente que a descoberta de que o universo não é homogêneo contradiz a teoria inicial.

        Pode-se comparar o que acontece hoje com aquilo que aconteceu com a teoria de Laplace para a formação do sistema solar. Laplace conseguiu explicar o motivo de todos os planetas e seus satélites girarem no mesmo sentido. Isso foi um grande sucesso da teoria. Logo depois, no entanto, descobriu-se que havia satélites que giravam no sentido oposto. O que fazer? Alguns cientistas procuraram salvar a todo custo a teoria de Laplace, introduzindo modificações e novas hipóteses para explicar essas rotações “erradas”. Mas é claro que se a teoria estava inicialmente correta, não podiam existir essas rotações em sentido oposto; e se elas existem, a teoria inicial estava errada. É possível, talvez, manter a idéia de que o sistema solar se formou a partir de uma nuvem em rotação; mas os detalhes desse processo são obscuros.

        Pode-se fazer uma distinção entre os detalhes de uma teoria (incluindo seus cálculos) e o modelo geral que ela utiliza. Quase todos os cientistas, hoje em dia, adotam o “modelo padrão” de que o universo começou como alguma coisa de enorme densidade e altíssima temperatura, que se expandiu. Às vezes, isso é chamado de “modelo do Big Bang”, mas na verdade a teoria do “Big Bang” foi a teoria proposta por Gamow, e que não foi a primeira nem a última desse tipo. Mas uma teoria científica não é apenas um modelo que nos permite imaginar como as coisas aconteceram: ela deve permitir fazer cálculos e prever o maior número possível de detalhes do universo que conhecemos.

        Até hoje, isso não tem sido conseguido de um modo satisfatório. Há sempre aspectos da teoria que entram em contradição direta com os conhecimentos já existentes. Além disso, com o passar do tempo, vão surgindo novos conhecimentos sobre o universo que não se encaixam nas teorias antigas. Há, assim, uma dinâmica constante pela qual as teorias levam a novas observações, as observações e medidas levam a mudanças das teorias, e o conhecimento vai se transformando sempre. Mas ainda há dúvidas fundamentais – e não apenas sobre detalhes.

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