|
Várias pessoas tentaram, então, fazer alterações
na teoria gravitacional de Newton para que ela se tornasse aceitável
de acordo com o princípio da relatividade. Os primeiros a fazer
esse tipo de tentativa foram Poincaré e Lorentz. Os resultados não
foram muito satisfatórios, mas mostraram que talvez a teoria modificada
pudesse explicar uma das irregularidades dos movimentos planetários
que haviam sido notadas por Simon Newcomb (1835-1909) no final do século
XIX. Depois, Einstein, Abraham e Hilbert prosseguiram o trabalho. Aos poucos,
foi se tornando claro que não bastavam pequenos ajustes. Era preciso
elaborar uma teoria completamente nova, com uma estrutura matemática
diferente, e que apenas em casos simples levasse aos resultados já
conhecidos e explicados pela teoria de Newton.
A passagem da antiga teoria da relatividade para a nova utilizou o chamado
“princípio de equivalência”. A idéia desse princípio
é muito antiga: já se encontrava nas obras de Newton. O princípio
de equivalência afirma que, se vários corpos estiverem caindo
livremente, juntos, pela força da gravidade, aquilo que acontece
entre eles não é influenciado por essa força nem pela
aceleração que os corpos têm: tudo se passa, entre
esses corpos, como se eles estivessem em um local sem gravidade, sem aceleração.
Por exemplo: se um avião, a grande altitude, perdesse de repente
suas asas e começasse a cair livremente, os passageiros dentre dele
sentiriam como se não existisse gravidade: poderiam flutuar dentro
do avião.
Se, nessa situação, um passageiro jogar um objeto para outra
pessoa, esse objeto parecerá se mover em linha reta, ou seja, não
vai se desviar para baixo. Assim, para os passageiros, os objetos possuem
um movimento de acordo com a lei da inércia: retilíneo e
uniforme, como se não estivessem sendo atraídos pela Terra.
Mas, para alguém que não esteja caindo junto com o avião,
a descrição é muito diferente: o avião, todos
os passageiros e todos os objetos estão caindo e estão, por
isso, igualmente acelerados para baixo. Quando um objeto é jogado
de um passageiro para outro, ele adquire uma certa velocidade para o lado,
mas continua caindo como antes, e, visto por esse observador, tem uma trajetória
curva (em forma de parábola). Assim, aquilo que é um movimento
retilíneo e uniforme para os passageiros, torna-se um movimento
curvo e acelerado para o outro observador que não está caindo.
Em um certo sentido, |
Exemplo de analogia com a teoria da relatividade: A bola arremessada
descreve trajetórias diferentes dependendo da posição
que o observador se encontra em relação ao evento.
|
qualquer corpo se movendo em um campo
gravitacional tem um movimento retilíneo e uniforme. Mas a forma
observada desse movimento depende do observador. |
|