|
A praga [pestilentia]
é um contágio que, ao atingir uma pessoa, se espalha rapidamente
para várias outras. Ela surge do ar corrompido [corrupto aëre],
e penetrando nas vísceras se estabelece nelas. Embora esta doença
geralmente surja por potências aéreas, no entanto ela nunca
pode surgir sem a vontade do Todo Poderoso Deus.
Nota-se aqui idéias semelhantes às de Lucretius, embora menos
elaboradas.
Houve, no período medieval, um grande aumento da lepra, na Europa.
Sabia-se que essa enfermidade era contagiosa, e os leprosos eram banidos
da sociedade. Somente podiam se aproximar de outras pessoas tocando matracas,
para que todos pudessem reconhecê-los e prevenir-se do contágio.
A influência do cristianismo na Medicina, durante essa fase, foi
negativa. Ressurgiu fortemente a idéia de que a doença era
o fruto do pecado. A possessão pelos demônios e a feitiçaria
também eram aceitas como causas de enfermidades. Assim sendo, o
tratamento principal era pelo arrependimento, pela oração,
sacrifícios, etc. O uso de remédios se torna secundário,
e deveria ser acompanhado pela oração, como esta, recomendada
pelo médico cristão Aetius de Amida (século VI): "Que
o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó, dê
a este medicamento o poder."
Nos mosteiros medievais, os doentes eram tratados com orações
e remédios.
|
Nesse período - e especialmente no século VII - surge o culto
popular aos santos curadores. Cosme e Damião, dois irmãos
cristãos que haviam sido mártires na Sicília, tornam-se
importantes santos médicos. Posteriormente, São Sebastião
e São Roque são invocados contra a praga . As peregrinações
ou o contato com objetos sagrados são considerados como excelentes
para produzir curas de doenças graves.
Os textos médicos medievais europeus, até o século
IX, são em geral compilações simplificadas, tiradas
em geral de fontes gregas. Alguns são simples listas de drogas e
suas indicações. Torna-se cada vez mais rara a leitura das
obras originais de Hipócrates ou Galeno, nessa época. |
|
|