Capítulo 3: Medicina Grega

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Segundo a "Ilíada", o rei Agamenon havia raptado e tomado como amante a jovem Chryseis, filha de um sacerdote de Apolo, chamado Chryses. Esse sacerdote implorou a Agamenon que libertasse sua filha. Em troca, o sacerdote oferecia um pagamento e solicitaria aos deuses que os exércitos do rei fossem bem sucedidos na guerra. Apesar de falar em nome de Apolo, o pedido do sacerdote foi negado. O sacerdote se afasta, vai para a praia e faz uma oração ao deus Apolo, solicitando que ele o vingue. 
Assim ele orou, e Apolo ouviu sua prece. Desceu furioso dos picos do monte Olimpo, com seu arco e sua aljava cheia, nos ombros. As flechas vibravam em suas costas, com a raiva que tremia dentro dele. Apolo se assentou longe dos navios, com uma face tão negra quanto a noite, e seu arco de prata deu um terrível assobio e espalhou a morte enquanto ele atirava suas flechas entre eles. Primeiramente o deus atingiu suas mulas e cães, mas depois dirigiu suas setas mortíferas contra as próprias pessoas. Durante todo o dia, queimavam as piras dos mortos. 
   Durante nove dias ele atirou suas flechas entre as pessoas (...)
         A "Ilíada" conta que a epidemia não cessava. Aquiles reuniu os homens e propôs que consultassem um sacerdote ou algum intérprete de sonhos para descobrir por que Apolo estava tão furioso. Um adivinho, chamado Calchas, se apresenta e promete dizer a causa da peste, se Aquiles lhe prometer proteção. Então, o adivinho conta que Apolo está irritado porque o rei desrespeitou o sacerdote. Há uma disputa entre Aquiles e Agamenon, que por fim concorda em devolver a filha ao sacerdote. Após a devolução de Chryseis, são feitas orações e sacrifícios de animais a Apolo e a peste termina.

         De modo semelhante, a peça teatral "Édipo rei", de Sófocles, se inicia quando uma peste está dizimando a população de Tebas. O rei Édipo manda um emissário consultar as pitonisas, para que elas revelem o motivo pelo qual o deus Apolo está castigando o país. O oráculo revela que é necessário varrer de Tebas uma coisa impura: o assassino do rei anterior, Laius. À medida que a peça se desenrola, descobre-se que o próprio Édipo matou, sem o saber, o rei Laius (que era seu pai) e casou-se com sua mãe, sendo essa a causa da peste.
 

    INTERVENÇÃO DOS DEUSES

         Nesta fase da cultura grega, as grandes calamidades eram, portanto, produzidas pelos deuses, como castigo por ofensas religiosas. Havia, é claro, outros tipos de doenças comuns que não eram atribuídas aos deuses. Não se sabe, no entanto, como era o tratamento dessas doenças, no período mais antigo, na Grécia.

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