Capítulo 5: O Pensamento Medieval e o Renascentista

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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        A constituição do homem contém todos os quatro elementos; e seu espírito contém, em uma Memória eterna, todo o mundo das idéias, todas as formas eternas que se manifestam no universo. Mas apenas o Sábio tem acesso a essa Memória.

        Essa, como vimos, é uma noção de origem platônica. Conhecer é lembrar-se, é recorrer à memória – mas não da memória do que vimos nessa vida, mas de todas as vidas e principalmente do que vimos entre as vidas, quando pudemos contemplar diretamente o mundo imaterial e eterno, das idéias. 
 

Ilustração do livro de Bovelles: a sabedoria contempla a si própria num espelho que é o universo.
        A obra de Bovelles é totalmente simbólica e rica em imagens e desenhos que ilustram suas idéias. Uma dessas figuras representa a Sabedoria, sob a forma de uma mulher, sentada sobre um cubo (figura que representa estabilidade), contemplando um espelho à sua frente. O espelho é redondo e mostra no seu centro o reflexo do rosto da Sabedoria. Em volta desse rosto, vê-se um círculo com os desenhos do Sol, a Lua e as estrelas. O significado dessa figura é claro e é descrito no livro de Bovelles: o espelho representa a Memória, o mundo das idéias, onde o Sábio vê o seu interior mas vê, ao mesmo tempo, tudo aquilo que dirige o universo. Ele e o mundo celeste formam uma unidade: “O Homem inteiro é igual ao Universo inteiro e se compõe das mesmas partes”. A alma humana seria o microcosmo intelectual, igual à região celeste; e o corpo humano seria o microcosmo material, igual ao mundo sensível que nos cerca, abaixo da esfera da Lua. Por isso, “o espírito do Homem é capaz de perceber a região do éter [o céu] e tudo o que aí se encontra”.

        O objetivo principal de Bovelles nessa obra é descrever o Sábio e não descrever o Universo. Não se encontra nesse livro nenhuma descrição detalhada sobre a constituição e a origem do mundo. Podemos no entanto 

ver como esse tipo de idéias leva a uma discussão cosmogônica em outro autor importante dessa mesma época: Paracelso, cujo nome verdadeiro era Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (1493-1541).

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