Capítulo 5: O Pensamento Medieval e o Renascentista

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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    5.2 TOMÁS DE AQUINO E A CRIAÇÃO DA LUZ

        Houve muitos outros pensadores cristãos importantes no período medieval. No entanto, como não é possível estudar nem sequer uma boa amostra deles, vamos fazer um salto no tempo, para o século XIII, e conhecer um pouco da obra de Tomás de Aquino.
 
        O mais famoso filósofo cristão de todos os tempos foi Santo Tomás de Aquino, que viveu de 1225 a 1274. Essa foi uma época em que o pensamento de Aristóteles adquiriu grande importância e influência, e Tomás de Aquino procurou adaptar o aristotelismo ao cristianismo. Daí resultou um sistema filosófico muito sólido, sob o nome de “escolástica”, que até hoje tem grande influência no pensamento cristão.

        O estilo e o conteúdo da obra de Tomás de Aquino são muito difíceis. Há toda uma conceituação filosófica básica, que ele toma da lógica e da metafísica de Aristóteles, que seria preciso explicar, antes de poder discutir em algum nível de detalhe o pensamento de Tomás de Aquino. Como isso ultrapassaria o objetivo deste livro, vamos apenas ver uma amostra de sua discussão sobre a origem do universo, vendo como ele lida com a interpretação do primeiro dia do Gênesis: a criação da luz.


Santo Tomás de Aquino, o mais famoso filósofo cristão de todos os tempos.

        Inicialmente, Tomás de Aquino discute a própria noção de luz. Ele lembra que se pode falar sobre a luz no sentido original (aquilo que é produzido pelos corpos luminosos e que nos permite ver) ou em sentido metafórico. “Ver” pode ser usado no sentido de “perceber”, seja no caso de se ver um objeto, ou de se “ver” que um objeto é áspero, ou “ver” uma verdade. Da mesma forma, “luz” pode se referir ao seu significado original quando falamos sobre objetos da natureza, perceptíveis; mas pode ter um sentido metafórico, quando se fala sobre coisas espirituais.

        A luz, para Tomás de Aquino, não pode ser uma coisa material. Ele utiliza um interessante argumento: dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo. Mas a luz e o ar (ou qualquer objeto transparente) podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo. Portanto, a luz não pode ser um corpo, isto é, não pode ser algo material.

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