Capítulo 4: A Reinterpretação Filosófica dos Mitos

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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        Existia, portanto, algo a partir do qual o criador fez o universo. Por um lado, havia idéias, a partir das quais se podia elaborar um projeto ou modelo da mundo. Mas havia também os diferentes tipos básicos de matéria, que surgiam e depois se decompunham no espaço. Deus colocou em ordem aquilo que era um caos, uma desordem. A partir de então, as coisas começaram a adquirir suas características próprias e passaram a merecer nomes – pois o nome serve para identificar algo que existe separadamente, que pode ser individualizado. 
Como disse primeiramente, quando todas as coisas estavam desordenadas, Deus criou todas as medidas e harmonias que eram possíveis, em cada coisa em relação a si mesma e em todas as coisas em suas relações mútuas. Pois nesses dias nada tinha qualquer proporção, exceto por acaso; e nenhuma dessas coisas que agora possuem nomes merecia receber um nome qualquer – como, por exemplo, fogo, água e os outros elementos. 
        Note-se que ressurge aqui algo que já havia sido notado nos mitos: a criação é acompanhada pelo surgimento dos nomes.

        Em alguns pontos, a descrição de Timeo se torna tipicamente mitológica. Isso ocorre ao descrever o surgimento dos deuses e de outras criaturas. Ele repete a tradição de que o Oceano e Tethys foram filhos do Céu e da Terra, etc. – seguindo Hesíodo.

        Existe, nessa obra de Platão, uma mistura de elementos de muitos tipos. Por um lado, são mantidos vários aspectos dos mitos de Hesíodo; mas, por outro, surge uma divindade completamente diferente dos deuses tradicionais gregos e toda a descrição está entremeada por argumentos filosóficos. O resultado dessa mistura é, ainda, um mito – como diz o próprio Timeo. Mas um mito filosófico.

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