Capítulo 4: A Reinterpretação Filosófica dos Mitos

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

.
        Depois, o terceiro e quarto elementos seriam o ar e o espaço vazio, que teriam sido denominados de “trevas” e “abismo”: “... e havia trevas sobre a face do abismo”.

        Os outros três elementos seriam as águas, o espírito vital e a luz, que, segundo Philon, seriam representados no texto: “...e o espírito de Deus se movia sobre as águas. E disse Deus: que seja feita a luz. E a luz se fez”.

        Depois de realizar a criação mental desses sete elementos, Deus teria iniciado a produção material do universo, produzindo o firmamento. Philon interpreta o texto bíblico supondo que inicialmente a água e a terra estavam misturados, formando uma espécie de lama ou lodo, sem distinção; e que Deus teria separado um do outro, formando de um lado a terra seca e de outro os mares, com as águas salgadas:

Deus disse: reunam-se as águas que estão sob o céu, em um lugar, e que apareça o seco. E isso se fez assim.
E Deus chamou o seco de Terra, e denominou a reunião das águas de Mar. E Deus viu que era bom.
        A interpretação de Philon pode ser considerada uma reconstrução filosófica de um mito. Através dessa reconstrução, ele elimina aspectos absurdos do mito e os reinterpreta. Neste caso, por exemplo, é claro que ninguém pode racionalmente aceitar que Deus fez o mundo em seis dias, no sentido literal dessas palavras. Assim, pela reinterpretação simbólica, elimina-se do mito um aspecto absurdo e pode-se manter seus outros aspectos.
 

    4.2 O MITO DE PROTEU E A MATÉRIA PRIMORDIAL

        Vários pensadores reinterpretaram filosoficamente diversos mitos. Heráclito, um pensador do século I antes da era cristã, escreveu uma obra sobre o poeta Homero, interpretando como alegorias muitas de suas descrições mitológicas. Um dos mitos que ele interpreta é o de Proteu.

        Segundo a Odisséia, o rei Menelau estava viajando de navio com seus companheiros, tendo chegado à ilha de Pharos, próxima ao Egito, e lá ficando retido por falta de ventos. Depois de 20 dias, os alimentos começam a ficar escassos, e Menelau imagina que algum deus, irritado por qualquer motivo, estava castigando-o e impedindo sua viagem. Encontra então uma ninfa, Eidotéia, que se oferece para ajudá-lo.

.
Página anterior
51
Próxima página

INTRO DUÇÃO
CAP. 01
CAP. 02
CAP. 03
CAP. 04
CAP. 05
CAP. 06
CAP. 07
CAP. 08
CAP. 09
CAP. 10
CAP. 11
CAP. 12
CRONO LOGIA