Capítulo 3: O Pensamento Filosófico e a Origem do Universo

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

.
        Qual o objetivo de toda essa filosofia atomista? Segundo Epicuro, o objetivo é a tranqüilidade que vem do conhecimento. Pois as pessoas que não conhecem as causas dos fenômenos da natureza acreditam em deuses e ficam sujeitas ao medo. Pois, acreditando nos mitos, as pessoas podem temer algum castigo eterno, e ficar sob o domínio de opiniões erradas. Mas, segundo Epicuro, aquele que compreender e se lembrar sempre dos ensinamentos do atomismo, ficará tranqüilo, sem perturbação, sem medo, sabendo que tudo ocorre apenas pela reunião e separação dos átomos, e que nada mais acontecerá depois da morte. 

        Lucrécio descreve com palavras fortes esse objetivo final da filosofia atomística. Ele diz que “a vida humana jazia tolamente prostrada sobre a terra, esmagada sob o peso da religião, que mostrava sua cabeça de aspecto terrível baixando dos céus sobre os mortais”. Então, segundo Lucrécio, Epicuro ousou encarar a religião face a face, sem temer os mitos sobre os deuses, nem o som dos trovões. Ele teria sido o primeiro a “arrombar as portas da natureza”.

        É extremamente curioso que, de acordo com a finalidade da filosofia atomista, não é muito importante conhecer com segurança qual a causa de cada fenômeno do universo. Basta saber que cada coisa pode ser produzida de um modo natural, para eliminar o mito e o medo. Por isso, observa-se que muitas vezes Lucrécio propõe diversas explicações diferentes para um mesmo fenômeno, sem se decidir sobre qual é a verdadeira. Seja qual for ela, o importante, para ele, é que seja uma explicação sem a intervenção de seres sobrenaturais.

        A que leva todo o pensamento atomista? O universo e todas as suas partes são vistas como máquinas. Máquinas que se formaram ao acaso, que não foram planejadas por ninguém, que existem durante algum tempo e depois se dissolvem. O mundo não tem uma finalidade; não existem deuses a serem respeitados ou obedecidos; o homem é livre, não existe um castigo ou punição após a morte. Ele está só, em um mundo frio, um mundo sem início, um mundo mecânico. O homem está liberto dos mitos e do medo, mas perdeu também a possibilidade de sentir-se como parte de um universo vivo, bom, sábio. Perdeu os rituais, não pode mais ultrapassar o tempo e reviver o princípio de tudo. O atomismo deu ao homem o vazio – em vários sentidos.

.
Página anterior
49
Próxima página

INTRO DUÇÃO
CAP. 01
CAP. 02
CAP. 03
CAP. 04
CAP. 05
CAP. 06
CAP. 07
CAP. 08
CAP. 09
CAP. 10
CAP. 11
CAP. 12
CRONO LOGIA