Capítulo 3: O Pensamento Filosófico e a Origem do Universo

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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        Aqui se encontram os germes das idéias que utilizamos até hoje, de elementos da matéria e de conservação da matéria. Essas idéias não surgiram da observação e do experimento, e sim a partir do pensamento e de analogias.

        Os diferentes filósofos pré-socráticos não concordaram entre si a respeito do número e do tipo de elemento ou princípio de todas as coisas materiais. Tales afirmava que esse princípio era a água. De onde ele tirou essa idéia? Não sabemos. Segundo Aristóteles, que é a principal fonte de que dispomos para falar sobre Tales, ele se baseou em duas coisas: primeiro, que todos os seres vivos precisam de umidade para viver; segundo, que a origem dos seres vivos é a umidade, pois os animais nascem do sêmen, que é um líquido, e as sementes não germinam sem umidade. Assim, a água seria aquilo de onde se origina a vida e que é necessária para manter todos os seres vivos. 
 

    3.3 O PENSAMENTO DE ANAXIMANDRO: A ORIGEM A PARTIR DO “APEIRON”

        Anaximandro foi outro filósofo pré-socrático, pouco posterior a Tales e que pode ter sido seu discípulo. Há mais informações sobre ele do que sobre Tales, mas é também difícil compreender seu pensamento. De acordo com o que se diz sobre ele, Anaximandro ensinava que o princípio e elemento de tudo era o “indefinido” (“ápeiron”, em grego), que não era a água, nem o ar, ou qualquer coisa de conhecido e palpável. Todas as coisas viriam do ápeiron e retornariam a ele, ao serem destruídas.

        Mas o que significa esse “ápeiron”? Há muita discussão sobre isso. A palavra pode ser traduzida como “infinito” ou como “indefinido” ou como “ilimitado”. É um termo abstrato, talvez inventado pelo próprio Anaximandro. É possível que ele quisesse indicar, com essa palavra, um tipo de matéria que não corresponde a nada de definido, mas que pode assumir a aparência de todos os tipos de substâncias que conhecemos. Talvez essa idéia fosse um passo adiante, um novo grau de abstração, a partir da idéia de Tales. Ao invés de admitir que uma substância conhecida (a água) pudesse se transformar em todas as outras, Anaximandro parece ter imaginado uma substância desconhecida, talvez até impossível de ser observada, que pudesse servir de origem para todas as outras. A partir desse áperion, que não é quente nem frio, surgiriam o calor e o frio; a partir do ápeiron, que não é duro nem mole, surgiriam as substâncias duras e moles.

        A justificativa pode ter sido a seguinte: para cada tipo de coisa que existe, pode-se pensar em outra coisa diametralmente oposta, com as propriedades contrárias. Por exemplo: o fogo é totalmente oposto à água e é difícil imaginar como um deles pudesse sair do outro. Assim, a matéria primordial – se é que ela existe e se é que ela é de um único tipo – não deve ser nem água, nem fogo, nem qualquer coisa definida que possua características próprias, mas algo indefinido, de onde podem sair todos os opostos.

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