Capítulo 2: O Mito Filosófico na Grécia e na Índia

O  UNIVERSO

TEORIAS SOBRE SUA ORIGEM E EVOLUÇÃO

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        Nenhuma outra tradição da Antigüidade conseguiu imaginar durações de tempo tão longas quanto as do Código de Manu. A tradição judaica, por exemplo, admitiu que o universo havia sido criado por Deus há apenas alguns milhares de anos. Somente no século XX a ciência ocidental começou a avaliar a duração do universo em bilhões de anos.

        O Código de Manu prossegue descrevendo de forma bastante abstrata e filosófica a produção dos cinco elementos básicos do universo: éter, fogo, ar, água e terra. Eles são precedidos, no entanto, pelo pensamento. A descrição desses cinco elementos básicos e o modo como eles surgem um a partir do outro constituem um aspecto bastante avançado do pensamento indiano antigo.

 Ao fim desse dia e dessa noite, quem dormia (Brahman)desperta; despertando, ele cria o pensamento (manas), que existe e não existe.
Movida pelo desejo de criar, a mente se modifica gerando o éter; ele é dotado da qualidade da vibração.
Do éter, modificado por sua vez, nasce o vento puro e poderoso, que carrega todos os aromas; ele é dotado de tangibilidade.
Do vento, transformado, procede a luz brilhante, que ilumina e dissipa as trevas; ela tem a qualidade da cor.
Da luz, modificada, nasce a água, que tem a qualidade do sabor; da água nasce a terra, que tem por qualidade o odor. Eis o princípio da criação. 
 A idade dos devas, antes descrita, com seus doze mil anos, multiplicada por setenta e um, forma o período de um Manu.
Inumeráveis são os períodos dos Manus, e a criação e a dissolução do mundo. O Ser supremo os repete sempre, por brincadeira.
        O universo, como um todo, repete-se portanto indefinidamente. Mas, em cada uma de suas fases de existência, em cada dia de Brahman, ocorrem muitos ciclos menores. Em cada um desses ciclos, a humanidade é criada e passa por uma decadência em quatro fases, que se assemelham às quatro idades da mitologia grega:
Na Krita-yuga, a justiça e a verdade são completas, com seus quatro pés; e nenhum proveito é obtido pelos homens injustamente.
Nas outras (idades), pelos proveitos ilícitos, a justiça perde sucessivamente seus pés; e pelo roubo, pela mentira e pela falsidade, o mérito diminui a cada vez em um quarto.
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