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Todas essas propriedades geométricas diferentes foram inicialmente
estudadas pelos matemáticos como uma simples possibilidade lógica,
sem nenhuma correspondência com a realidade. Todos imaginavam que
a geometria de Euclides era a única verdadeira e a que devia ser
aplicada ao nosso universo. No entanto, depois de muitas tentativas, eles
não conseguiram provar, pela matemática, que as geometrias
não-euclidianas eram falsas.
Lobatchewsky, um dos matemáticos que tentou identificar o tipo
de espaço do nosso universo.
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Lobatchewsky, um dos matemáticos que se dedicou a esse tema, pensou
que talvez se pudesse decidir qual o tipo de espaço do nosso universo
através de experiências, já que não era possível
escolher apenas sob o ponto de vista lógico entre as várias
alternativas. Todas as figuras geométricas que utilizamos na prática
são pequenas. Para elas, parece valer a geometria euclidiana. Mas
a própria teoria havia mostrado que só surgiriam diferenças
importantes entre a geometria de Euclides e as outras quando as figuras
geométricas fossem muito grandes. Lobatchewsky imaginou, então,
que seria preciso dispor de figuras com dimensões semelhantes às
maiores distâncias entre as estrelas conhecidas, para se poder fazer
o teste.
Lobatchewsky supôs, como ponto de partida, que a luz caminha em linha
reta no espaço entre as estrelas, onde praticamente não existe
matéria. Assim, seria possível estudar a geometria utilizando
“retas” traçadas pela luz. Em seguida, ele pensou sobre um triângulo
muito grande, que pudesse ser estudado na prática, formado por raios |
luminosos. Se fosse possível
medir os seus ângulos, seria possível verificar se a soma
de todos esses ângulos é igual, menor ou maior do que 180o.
O grande problema seria que, para medir os ângulos, é preciso
ir até onde eles estão.
O truque imaginado por Lobatchewsky foi muito interessante. Durante um
ano, a Terra se move em sua órbita em torno do Sol, depois volta
ao ponto de partida. Em dois instantes separados por 6 meses, a Terra está
em dois pontos opostos de sua órbita, a uma distância de cerca
de 300 milhões de quilômetros um do outro. Essa é uma
distância bastante grande, mas, sob o ponto de vista astronômico,
não é tão grande assim. As estrelas mais próximas
de nós estão a uma distância cerca de 100.000 vezes
maior do que essa. Podemos imaginar um triângulo formado por esses
dois pontos e por uma estrela. Nesses dois pontos, é possível
medir a posição da mesma estrela, e, assim, determinar dois
dos ângulos desse triângulo. |
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