A ideia de “Ciência” na Inglaterra do século XVIII
Luiz Carlos Soares (Universidade Federal Fluminense)

Diversos termos são utilizados pela historiografia para denominar a “Ciência” na Inglaterra do Século XVIII: “Ciência Newtoniana”, “Ciência Experimental”, “Ciência Ilustrada”, “Ciência Útil e Aplicada”, “Ciência Pública”, “Ciência-Espetáculo”, “Ciência Polida”. Obviamente, estas diversas denominações apresentam significados diversos para a ideia de “Ciência”, mas esta diversidade não significa, por sua vez, antagonismos e contradições conceituais. Muito pelo contrário. Esta diversidade representa a existência de formas de significação múltiplas, assim como contextos distintos, para a “prática científica” setecentista, que estão evidentemente associados e se complementam.
Mas, apesar desta realidade múltipla e complementar da prática da “Ciência” do século XVIII, alguns historiadores das Ciências que estudaram este período, tais como Alan Q. Morton e Jane A. Wess, Patrícia Fara, Bernadette Bensaude-Vincent e Christine Blondel e Al Coppola, procuraram chamar a nossa atenção para o risco do anacronismo ao se estender a noção contemporânea de “Ciência” para períodos anteriores ao século XIX, pois, antes disso, o significado de “Ciência” correspondia, em geral, ao conhecimento sistemático, teórico, lógico, metódico ou racional, sendo anacrônico também considerar os “praticantes” desta “Ciência” como “Cientistas”, termo este que, inclusive, só apareceria nos anos 1830. A partir das sugestões destes autores, consultamos alguns dicionários, enciclopédias, manuais e compêndios de alguns professores independentes e/ou itinerantes em busca de uma melhor caracterização da “Ciência Física” na Inglaterra setecentista, por estes concebida como uma “Filosofia Natural e Experimental”.
Por sua vez, a Filosofia Natural e Experimental é o resultado da associação da tradicional “Filosofia Natural” com o “Método Experimental”, triunfante com as ideias de Robert Boyle e a fundação da Royal Society de Londres, em 1660, e consolidado com a publicação dos dois grandes livros de Newton: Philosophiae naturalis principia mathematica, em 1687; e Opticks: or, a treatise of the reflexions, refractions, inflexions and colours of light, em 1704. Desse modo, durante todo o século XVIII, diversos professores independentes e/ou itinerantes fizeram questão de consagrar o termo Filosofia Natural e Experimental já nos títulos de seus manuais e compêndios para explicitar a sua filiação ao Newtonianismo e ao seu “Método Experimental”. Nesse sentido, é esta denominação que preferimos e entendemos que melhor reflete a tradição filosófico-científica inglesa, e mesmo britânica, entre a segunda metade do século XVII e meados do século XIX.

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11/10/2021
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