Com base nas noções de inteligência como capacidade de resolver problemas de maneira não instintiva, e da tecnologia como atitude humana perante a realidade, irei me referir a diversos modos em que a tecnologia está influenciando a nossa conduta inteligente. A dependência da inteligência com relação aos artefatos, a tendência a reduzir os problemas a questões técnicas, o crescimento da “inteligência artificial” e o receio de uma Superinteligência que possa dominar-nos serão os tópicos sucessivamente abordados.

It has now been more than thirty years since Joan Scott (1986) argued that gender is a legitimate and necessary category of historical analysis that applies to all fields, including genetics. In the intervening years, a substantial body of work has appeared that adds women to the historiography of genetics. While this is a necessary component for including gender as a category of analysis in genetics, it is not sufficient. Gender analysis involves the broader goal of integrating gender into the interrogation of how social factors within research practices and institutional organization influence knowledge production in genetics. This article argues for the imperative for inclusion—including both women and gender analysis—which taken together not only provide a more equitable and informative picture of the discipline’s development, but also historiography that more faithfully reflects the activity of doing science.

Recent events with climate change and the coronavirus pandemic exemplify the vital importance of scientific expertise in informing social policy and personal decision-making. But how do students learn what makes science trustworthy? Whose claims are credible, and why? I describe how we can situate inquiry lessons in an authentic historical context, and thus help students appreciate the epistemic challenges and develop the relevant analytical thinking skills. In short, case studies from the past — when framed as active, problem-based simulations — can help prepare citizens and consumers to address the socioscientific issues of today. In this view, historians are indispensable contributors to science education and to a functional, well informed society. I will illustrate with the early 18th-century case of Mary Wortley Montagu and smallpox variolation.

El concepto de determinismo es esencialmente temporal: un sistema es determinista cuando, a partir de cierto instante, da lugar a una única evolución temporal posible. En su versión ontológica, el determinismo se ha encarnado tradicionalmente en el “demonio de Laplace”, que puede reconstruir toda la sucesión de estados pasados y futuros del universo a partir del estado presente. Esta imagen resulta adecuada en el marco de la mecánica clásica, donde el tiempo es el parámetro respecto del cual se desarrolla la evolución del universo. Pero cuando se pasa al ámbito de la relatividad general, la imagen no resulta tan clara. En efecto, desde la perspectiva cosmológica, regida por la relatividad general, el universo es un objeto tetra-dimensional único, y el tiempo ya no es el parámetro de la evolución sino que es una de las cuatro dimensiones de dicho objeto. Incluso, en algunos modelos relativistas no es posible definir un tiempo global que permita coordinar las historias de todos los objetos del universo.
El propósito del presente trabajo consiste en argumentar que existen dos nociones de determinismo que, si bien relacionadas entre sí, resultan diferentes. Si bien la diferencia entre ambas también puede expresarse en el marco clásico, adquiere una manifestación clara en el ámbito de la relatividad general dada la peculiaridad de la noción de tiempo en esta teoría. Una noción de determinismo es la involucrada en el famoso “argumento del agujero”, formulado por John Earman y John Norton para rechazar el substantivalismo acerca del espacio-tiempo. Pero otra noción de determinismo, tal vez la más cercana a la idea filosófica tradicional, es la que requiere que el espacio-tiempo tenga la propiedad de ser no-Hausdorff. El objetivo no será defender una noción por sobre la otra, sino señalar su diferencia y el modo en que la adopción de cada una de ellas se relaciona con la interpretación de la naturaleza del espacio-tiempo y con la concepción de la posibilidad física.

Diversos termos são utilizados pela historiografia para denominar a “Ciência” na Inglaterra do Século XVIII: “Ciência Newtoniana”, “Ciência Experimental”, “Ciência Ilustrada”, “Ciência Útil e Aplicada”, “Ciência Pública”, “Ciência-Espetáculo”, “Ciência Polida”. Obviamente, estas diversas denominações apresentam significados diversos para a ideia de “Ciência”, mas esta diversidade não significa, por sua vez, antagonismos e contradições conceituais. Muito pelo contrário. Esta diversidade representa a existência de formas de significação múltiplas, assim como contextos distintos, para a “prática científica” setecentista, que estão evidentemente associados e se complementam.
Mas, apesar desta realidade múltipla e complementar da prática da “Ciência” do século XVIII, alguns historiadores das Ciências que estudaram este período, tais como Alan Q. Morton e Jane A. Wess, Patrícia Fara, Bernadette Bensaude-Vincent e Christine Blondel e Al Coppola, procuraram chamar a nossa atenção para o risco do anacronismo ao se estender a noção contemporânea de “Ciência” para períodos anteriores ao século XIX, pois, antes disso, o significado de “Ciência” correspondia, em geral, ao conhecimento sistemático, teórico, lógico, metódico ou racional, sendo anacrônico também considerar os “praticantes” desta “Ciência” como “Cientistas”, termo este que, inclusive, só apareceria nos anos 1830. A partir das sugestões destes autores, consultamos alguns dicionários, enciclopédias, manuais e compêndios de alguns professores independentes e/ou itinerantes em busca de uma melhor caracterização da “Ciência Física” na Inglaterra setecentista, por estes concebida como uma “Filosofia Natural e Experimental”.
Por sua vez, a Filosofia Natural e Experimental é o resultado da associação da tradicional “Filosofia Natural” com o “Método Experimental”, triunfante com as ideias de Robert Boyle e a fundação da Royal Society de Londres, em 1660, e consolidado com a publicação dos dois grandes livros de Newton: Philosophiae naturalis principia mathematica, em 1687; e Opticks: or, a treatise of the reflexions, refractions, inflexions and colours of light, em 1704. Desse modo, durante todo o século XVIII, diversos professores independentes e/ou itinerantes fizeram questão de consagrar o termo Filosofia Natural e Experimental já nos títulos de seus manuais e compêndios para explicitar a sua filiação ao Newtonianismo e ao seu “Método Experimental”. Nesse sentido, é esta denominação que preferimos e entendemos que melhor reflete a tradição filosófico-científica inglesa, e mesmo britânica, entre a segunda metade do século XVII e meados do século XIX.

Quando das comemorações em 2005 do centenário da publicação de artigos fundamentais de Einstein, foi notável como houve muita relutância em discutir essas contribuições como sendo controversas, como se fora um ultraje à memória do famoso físico. Causa espécie entre os que conhecem a história das ciências que não seja citado esse grande debate mundial que cerca a teoria restrita e a teoria geral da relatividade. No entanto, desde sua publicação até a atualidade mais próxima podem-se citar diversos autores relevantes que continuaram trabalhando sobre o assunto, como será esboçado nesta apresentação.

Pedro de Alcântara Lisboa (Rio de Janeiro, 1821-1885) foi um químico que, como muitos outros brasileiros que se dedicaram às ciências no passado, caíram no esquecimento. Pedro pertencia a uma família importante na sociedade brasileira do Império, sendo cunhado do Almirante Tamandaré, por exemplo. Após estudos particulares no Rio de Janeiro, ele foi estudar em Paris, na École de Arts et Manufactures, onde foi aluno de Jean-Baptiste Dumas e colega de Henrique Dumont, o futuro pai de Santos Dumont. Pedro se graduou em 1845 como Engenheiro Civil, Especialidade Química. Ele, todavia, sempre se intitulou engenheiro químico, embora este título só viesse a surgir oficialmente, em 1888, nos EUA, no MIT. Retornando ao Brasil, Pedro entrou para a Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (SAIN), onde fez muitas conferências e em cuja revista publicou frequentemente. Só entre 1846 e 1852 surgiram na Revista da SAIN 50 publicações de sua autoria sobre diversos assuntos científicos, em geral de química ou ligados a problemas químicos, que podem ser consultados facilmente na Internet. Ele também foi autor de livros e artigos publicados em outros órgãos, numa grande produtividade literária. Em seu primeiro artigo Pedro Lisboa apresentou, pela primeira vez no Brasil, uma equação química para representar uma reação, aquela que ocorre entre o ferro e o ácido sulfúrico produzindo hidrogênio. Também aí ele mostrou, igualmente pela primeira vez no país, o uso de um cálculo estequiométrico para determinar o volume de hidrogênio produzido na reação. Pouco depois a SAIN decidiu mandá-lo de volta a Paris, onde ele permaneceu entre 1846 e 1848, como adido à Legação do Império na capital francesa. Sua obrigação era comunicar à SAIN todas as novidades científicas e técnicas que surgissem na França e na Europa. Ele também procurou seu ex-professor Dumas e pediu-lhe permissão para publicar em português as anotações de seu curso, que ele havia seguido anteriormente. Dumas concordou e surgiu no Rio de Janeiro em 1848 o livrinho intitulado Lições de Química professadas por J. B. Dumas na Escola Central de Artes e Manufacturas de Paris no anno lectivo de 1846-1847. É sintomático do desinteresse que a história da ciência no Brasil tenha sido por tanto tempo descurada que muitas figuras interessantes como esta tenham caído no mais profundo esquecimento. A revelação de suas vidas e obras é importante na reconstituição de nosso passado intelectual e científico, fazendo parte de um caleidoscópio complexo que ajuda a compreender muitos de nossos problemas, êxitos e equívocos no que respeita à ciência e sua prática.

A number of experiments from the history of physics is materially present in science classrooms, students’ labs or lecture theatres. Teaching devices such as Millikan’s oil drop apparatus, the Franck-Hertz experimental set-up, the rotating mirror set-up to measure the speed of light according to Foucault or Michelson, or Cavendish’s gravitational balance are frequently found in education – some as demonstrations, others as students experiments. Even though these teaching devices have a relation to the history of physics, they are frequently decontextualized and thus not representing adequately the history of physics.
Nevertheless, they appear to have some relevance in the understanding of physics, at least this should be expected due to their frequent presence in educational settings. This claim shall be questioned in my presentation. In doing so, I will discuss some historical experiments in detail and particularly address the process of experimenting. Subsequently, I shall discuss historical teaching demonstrations that represent these experiments. In doing so, I will demonstrate that some devices addressed the procedural aspects of the historical experiment, whilst others focused on the product of the experiment. Finally, I will draw some conclusions with respect to modern teaching devices and their role in creating misunderstandings and misconceptions with respect to the nature of science and the production of scientific knowledge.

Teleology, explaining the existence of a feature on the basis of what it does, is usually considered as an obstacle or misconception in evolution education. Researchers often use the adjective “teleological” to refer to students’ misconceptions about purpose and design in nature. However, this can be misleading. In this essay, I explain that teleology is an inherent feature of explanations based on natural selection and that, therefore, teleological explanations are not inherently wrong. The problem we might rather address in evolution education is not teleology per se but the underlying “design stance”. With this, I do not refer to creationism/intelligent design, and to the inference to a creator from the observation of the apparent design in nature (often described as the argument from design). Rather, the design stance refers to the intuitive perception of design in nature in the first place, which seems to be prevalent and independent from religiosity in young ages. What matters in evolution education is not whether an explanation is teleological but rather the underlying consequence etiology: whether a trait whose presence is explained in teleological terms exists because of its selection for its positive consequences for its bearers, or because it was intentionally designed, or simply needed, for this purpose. In the former case, the respective teleological explanation is scientifically legitimate, whereas in the latter case it is not. What then should be investigated in evolution education is not whether students provide teleological explanations, but which consequence etiologies these explanations rely upon. Addressing the design stance underlying students’ teleological explanations could be a main aim of evolution education.

La astronomía cultural es un área interdisciplinaria que se ocupa del estudio de los conocimientos, prácticas y vínculos con el cielo de los diversos grupos humanos, entendiéndolos como productos socio-culturales, históricamente situados. Implica un complejo y fecundo diálogo de diversas disciplinas, métodos y perspectivas. La historia es, ciertamente, una de las disciplinas concurrentes en la conformación de la astronomía cultural y ha aportado mucho a su desarrollo. Pero, a su vez, del “caldero interdisciplinario” de esta área se han ido conformando modos específicos de pensar la dimensión diacrónica de las formas de vincularse con el cielo.
Por ello, en esta presentación procuraremos mostrar los aportes que la astronomía cultural puede hacer a la historia de la ciencia. En especial resaltaremos la crucial relevancia de una historia social y cultural de la ciencia, o mejor, de las ciencias. En esa misma dirección insistiremos en la importancia de situarlas como parte del conjunto de las ideas y prácticas de las diversas sociedades humanas, prestando atención a las especificidades, pero también a las continuidades. Para ello es vital el abordaje de las diversas formas en que se relacionan prácticas más o menos sistemáticas y especializadas de construcción de conocimiento. Enfatizaremos la relevancia de una antropología y sociología del conocimiento y las prácticas para la historia de las ciencias, así como una comprensión del carácter performático de las historias que nos contamos sobre estas, y el rol que tienen en su conformación. Otro punto importante que discutiremos es el del necesario abordaje socio-antropológico de los complejos procesos de construcción de fronteras entre distintas formas de conocimiento, y sus relaciones con las diversas formas de organización, institucionalización y distribución social del trabajo, el poder y los roles en diversas sociedades humanas.
Creemos que la astronomía cultural tiene mucho que aportar a una reflexión histórica sobre las ciencias en un momento en que esta se vuelve imprescindible como herramienta para repensar los vínculos entre las academias y las sociedades en cuyo seno estas se desarrollan, re imaginando la comunicación pública de la ciencia, la educación en ciencias, así como problematizando la orientación y usos del conocimiento científico.

El objetivo de esta comunicación es discutir algunas de las relaciones entre historia, teoría y enseñanza de la ciencia a la luz del caso de Mendel y la genética clásica, en que parecen convivir una mala historiografía de la ciencia con una buena enseñanza de la ciencia, mostrando cuál es la base de esta aparente contradicción y de qué modo puede superársela.

En esta charla mostraré las que, a mi juicio, son las principales continuidades y rupturas en el pensamiento evolutivo en biología. De esta manera expondré sucintamente lo que considero son los principales aspectos de la propuesta de Darwin, de la Teoría Sintética y de la Síntesis Evolutiva Extendida. Cuando estos cambios “son narrados” en los libros de texto, se acentúan sus continuidades y, en este sentido, se los interpreta como un proceso unificador. Sin
embargo, en lo que se entiende como continuidad hubo grandes rupturas, desde importantes modificaciones conceptuales hasta campos disciplinares dejados de lado o asimilados. La unificación es un valor epistémico fundamental en la biología. El objetivo de esta conferencia será revisar esta lectura unificadora a la luz de los procesos de cambio en las teorías evolutivas y analizar cómo se justificaron, al menos parte de ellos, a partir de este ideal epistémico.

A evolução biológica, suas evidências e seus processos, formaram um eixo direcionador na vida deste cientista tão conhecido. Ele próprio declarou, em entrevista ao historiador da biologia Garland Allen, não publicada, mas posteriormente transcrita em capítulo de livro publicado em 1994, que: “O meu interesse em genética veio do meu interesse em evolução – o meu interesse em evolução, eu posso dizer, foi filosófico, ele veio primeiro; o interesse em genética veio a partir daí. Portanto, eu não tive dúvidas, desde o começo, que era nisso que eu queria entrar.” Todavia, a segunda parte desta declaração mostra uma outra dimensão, a “filosófica” segundo ele próprio. Parece ser lícito inferir que o filosófico neste caso tenha sido, se não religioso, pelo menos foi como uma visão de mundo. É interessante que em nenhum de seus livros de cunho estritamente científicos esta dimensão aparece; ela se torna visível em algumas obras de divulgação, todas de alta qualidade. Uma exceção foi o capítulo sobre evolução humana, integrante de um livro-texto que teve apenas uma edição, “Evolution” (1977, em coautoria com Francisco J. Ayala, G. Leddyard Stebbins e James W. Valentine – obra póstuma, pois seu falecimento ocorreu em dezembro de 1975). Tanto esta exceção, como outras, em livros, diários, cartas e na Memória Oral da Universidade de Columbia, bem como em outros materiais, serão objeto de análise no presente seminário.