|
Conhecidas as causas das epidemias, pode-se tentar evitá-las. Como
elas são enviadas por Deus, a primeira providência é
abolir a causa principal, que é o pecado:
Para remediar esse grande
mau que começa a invadir a nossa cidade (...) devemos em primeiro
lugar tentar por todos os meios, continuando nossas devoções
e preces santamente instituídas, corrigir nossas vidas, apagar nossos
pecados por uma verdadeira penitência, e com um coração
suplicante pedir a sua divina magestade [que tenha piedade da cidade] (...)
Como Álvares admite que a enfermidade possa passar de uma pessoa
para outra, recomenda que se cuide das portas da cidade: "evitar que nenhuma
pessoa entre de qualquer lugar infectado, para não aumentar o contágio".
Pelo mesmo motivo, os doentes deviam ser isolados; e devia-se evitar também
confusões ou aglomerações.
Não se deve falar
sobre os doentes, nem ir ver nenhum, a não ser estando seguro de
que não há doença contagiosa; e a esses de longe.
E ao falar às pessoas, manter-se um pouco afastado.
Embora a enfermidade venha pelo ar, Álvares recomenda que se faça
varrer as ruas e que se limpem as imundícies. É importante
observar que, nessa época, praticamente não existiam esgotos
nas cidades. Os dejetos eram lançados das casas para as ruas. Não
havia, também, coleta de lixo, que era igualmente lançado
às ruas ou empilhado nas praças públicas. O mau cheiro
exalado das ruas devia ser terrível. Como se associava as doenças
a um ar corrompido e podre, tudo o que piorava o cheiro do ar devia ser
evitado.
Como se acreditava que o principal meio de transmissão das pestes
era o ar, a doença podia ser carregada pelo ar preso às roupas.
Por isso, Álvares recomenda a proibição de venda de
tecidos ou vestimentas. Além disso, "deve-se manter os porcos longe
das casas, assim também como os cachorros e gatos; pois eles com
freqüência trazem o mau ar". As roupas também deveriam
ser periodicamente purificadas: |
|