Capítulo 5:O Período Medieval

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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encantamentos, pelos seus malefícios e pelas suas conjurações, e por outros encantos e feitiços amaldiçoados e por outras também amaldiçoadas monstruosidades e ofensas hórridas, têm assassinado crianças ainda no útero da mãe, além de novilhos, e têm arruinado os produtos da terra, as uvas das vinhas, os frutos das árvores, e mais ainda: têm destruído homens, mulheres, bestas de carga, rebanhos, animais de outras espécies, parreirais, pomares, prados, pastos, trigo e muitos outros cereais (...)
         Como se vê, o próprio Papa acreditava que as bruxas e feiticeiros, com auxílio do demônio, destruiam plantações e arrasavam animais e pessoas. Kramer e Sprenger discutem, com ampla erudição, se de fato existe esse poder e se as doenças e epidemias não teriam apenas outras causas naturais, como por exemplo a influência dos astros:
Há quem defenda que toda tansformação que se dá no corpo humano - para a saúde ou para a doença, por exemplo - pode ser reduzida à questão das causas naturais, conforme Aristóteles demonstrou no sétimo livro da sua Física. E dessas causas a maior é a influência dos astros em cujo movimento os demônios não têm o poder de interferir: isso só Deus pode fazer.
         No entanto, contra essa opinião, os inquisidores apresentam a autoridade religiosa:
 
Santo Agostinho nos serve de testemunha ao dizer: "Existem, com efeito, feitiços, malefícios e encantamentos diabólicos, que não só fazem adoecer os homens como também os matam".

Desenho feito por Dürer: sifilítico sob o zodíaco.
         Os inquisidores não colocam em dúvida a influência dos astros sobre as enfermidades. Eles aceitam, por exemplo, que os cometas são criados por Deus para prenunciar a morte dos reis:
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