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conjunções
mais importantes são presságios de eventos maravilhosos,
poderosos e terríveis, como mudança de governantes, o surgimento
de profetas e grandes mortalidades. Dependem do signo e do aspecto dos
corpos em conjunção. Não deve vos espantar, portanto,
que tal importante conjunção tenha significado uma horrível
mortalidade, pois foi não apenas uma grande [conjunção],
mas uma das maiores. O signo era humano e por isso ele anunciou sofrimento
para a humanidade. E por ser um signo fixo, significava longa duração.
Pois [a mortalidade] começou no Oriente, um pouco depois da conjunção,
e ainda estava no Oeste em 1350. Ela [a conjunção] modificou
o ar e os outros elementos de tal forma que, como o ímã move
o ferro, ela moveu os humores espessos, quentes, venenosos; e reunindo-os
dentro do corpo, criou lá apóstemas. Daí decorreram
as febres contínuas e o cuspir sangue no início, quando essa
matéria corrompida era forte e perturbava o estado natural. Então,
quando perdeu sua força, o estado natural não ficou tão
perturbado e expeliu aquilo que conseguiu, principalmente nas axilas e
virilha, assim causando bubões e outros apóstemas. Assim,
os apóstemas externos foram efeitos dos internos.
A causa particular,
passiva, foi a disposição de cada corpo, tal como debilidade,
cacoquimia ou obstrução, da qual os trabalhadores e os pobre
morreram.
O autor afirma que para se prevenir contra a doença, "nada era melhor
do que fugir do lugar antes de ficar infectado". Também recomenda
purgantes, sangrias para diminuir o sangue, purificar o ar com fogo e fortificar
o coração com a teriaga, frutos e coisas perfumadas; fortificar
os humores com o "bolus" da Armênia e resistir à putrefação
com coisas ácidas. Para curar os doentes, tentava-se utilizar sangrias
e evacuações, além de remédios. Fazia-se os
apóstemas externos "madurarem" por meio de figos e cebolas cozidas,
misturados com fermento e manteiga. Depois, eles eram abertos e tratados
como uma úlcera. Aplicavam-se no tumores ventosas, depois eram escarificados
e cauterizados.
Guy de Chauliac elaborou uma teriaga especial para essa peste, seguindo
os ensinamentos de Arnaldo de Villanova e dos médicos de Paris e
Montpellier. O remédio era composto por mais de 40 substâncias
diferentes, incluindo noz moscada, gengibre, zedoária, raiz de genciana,
sálvia, menta, limão, "osso de coração do cervo",
raspas de marfim, safira, esmeralda, coral vermelho, aloés, sândalo,
conserva de rosas, conserva de nenúfares e outros materiais variados. |
A peste bubônica produzia inchações sob os braços
e nas virilhas, cheias de pus (bubões), que eram perfuradas pelos
médicos para aliviar a dor que causavam (gravura do século
XV).
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