Capítulo 4: Medicina Romana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

.
         Dentro da teoria atomista, torna-se possível introduzir causas naturais invisíveis que podem produzir doenças. No espaço celeste, existiriam todos os tipos de átomos, que se movem ao acaso. Eles colidem uns com os outros, podendo se prender uns aos outros. Através de combinações dos átomos, podem ser gerados todos os tipos de coisas, ao acaso. Algumas delas podem ser "sementes" que se desenvolvem e produzem coisas úteis ao homem; outras, podem ser daninhas. Lucretius utiliza esse tipo de idéia para explicar o surgimento das epidemias:
E agora explicarei qual é a razão das doenças e de que causas pode surgir de repente a força da doença e trazer a destruição mortal à raça dos humanos e às tropas dos animais brutos. Em primeiro lugar, eu mostrei que há sementes de muitas coisas úteis à nossa vida; e por outro lado muitas outras que voam trazendo doença e morte. Quando estas, por acaso, se juntam e perturbam o céu, o ar se torna doentio. E toda a força da doença e dessa pestilência vêm, ou de fora através do céu sob a forma de nuvens e neblina, ou então se agregam e sobem da terra, quando ela se embebeu de líquido e apodreceu, atingida por chuvas e sol intempestivos.
         Embora, mais uma vez, o ar seja considerado o veículo das doenças, as epidemias não seriam causadas simplesmente por calor, frio, umidade e secura: haveria certas "sementes" de doenças no ar, provenientes do céu ou da própria terra.

         Lucretius concebe diferentes tipos de sementes de doenças. Ele comenta sobre as diferenças de climas e de pessoas nas diversas partes do globo, e afirma que existem doenças específicas de certos lugares:

Existe a doença do elefante  que é produzida às margens das correntes do Nilo no meio do Egito e em nenhum outro lugar. Em Atica, os pés são atacados; e nas terras Aqueanas, os olhos. E assim diferentes lugares são daninhos a diferentes partes e membros. As variações do ar ocasionam isso.
         Essa concepção é bem diferente da de Hipócrates e seus seguidores. Logo em seguida, ele explica com mais detalhe o modo como surgem as epidemias:
.
Página anterior
58
Próxima página

INTRO DUÇÃO
CAP. 01
CAP. 02
CAP. 03
CAP. 04
CAP. 05
CAP. 06
CAP. 07
CAP. 08
CAP. 09
CAP. 10
CAP. 11
CAP. 12
CRONO LOGIA