Capítulo 4: Medicina Romana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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Dois aquedutos construídos pelos romanos, há 20 séculos: um em Pont du Gard (França), utilizado até hoje e outro nas proximidades de Roma.
       A água era coletada de vários locais e classificada por fiscais, que destinavam as águas do aqueduto "Márcia" apenas para ser bebida; outras eram utilizadas tanto para alimentação quanto limpeza. Seis dos aquedutos levavam a água até piscinas cobertas, onde se deixava que o limo se depositasse, antes de distribuir a água pela cidade, através de encanamentos. As águas trazidas pelo "velho Anio" tornaram-se muito impuras e, no início da era cristã, eram utilizadas apenas para rega de jardins e usos mais sujos da cidade.

     Todos os cuidados com a água, esgoto, asseio pessoal e limpeza da cidade certamente contribuiram muito para preservar os romanos de doenças. É difícil saber, no entanto, até que ponto eles estavam conscientes dos benefícios dessas medidas para a saúde, e até que ponto eram guiados apenas por considerações estéticas (beleza, limpeza, cheiro agradável, etc.).

         Talvez a maior contribuição romana para a compreensão das epidemias e doenças transmissíveis tenha sido dada pelo filósofo Lucretius. Esse filósofo, do primeiro século da era cristã, escreveu uma obra em versos, denominada "De rerum natura", onde expõe a teoria atomística antiga. O atomismo era uma filosofia materialista, que não aceitava a existência de qualquer coisa além de átomos e do espaço vazio. A própria alma e os deuses deveriam ser meras combinações de átomos. Não existe lugar, nessa filosofia, para a religião, a magia, a superstição.

         Por outro lado, o atomismo admite a existência de coisas invisíveis. Os próprios átomos são invisíveis, porém reais e materiais. Lucretius dedica uma grande parte do seu livro para mostrar que não é absurdo aceitar-se a existência de coisas materiais invisíveis. Não vemos, por exemplo, nada em volta de um ímã, mas deve existir alguma coisa em volta dele que produz o efeito de atração do ferro. Não vemos a água que se evapora de um tecido colocado ao sol, mas essa água certamente continua a existir, dividida em inúmeras partículas invisíveis. E Lucretius fornece muitos outros exemplos semelhantes.

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