Capítulo 4: Medicina Romana

CONTÁGIO

HISTÓRIA DA PREVENÇÃO DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

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         Através das influências dos planetas e de suas posições no céu, seria determinado o clima de cada época do ano. Ptolomeu não faz uma associação entre o clima e doenças, mas ele nem precisava indicar isso: os próprios médicos se encarregavam de fazer a ligação.

         Apesar dessa tradição astrológica e hipocrática, outros autores - principalmente alguns que não eram médicos - vislumbravam outras possíveis causas das epidemias. O arquiteto romano Vitruvius, discute a escolha do local par se edificar uma cidade, e indica as seguintes regras:

Como se pode reconhecer se um lugar é sadio, e o que o impede de sê-lo:

   Quando se quer construir uma cidade, a primeira coisa que se deve fazer é escolher um lugar saudável. Ora, esse lugar deve ser elevado; além disso, não deve estar sujeito nem às neblinas nem às brumas; que tenha uma boa temperatura do ar; que não esteja exposto nem aos grandes calores nem aos grande frios. Além disso, não deve estar na vizinhança de pântanos; pois deve-se temer que fosse pestilencial e mal-são um lugar onde o vento da manhã possa trazer os vapores que o sol, erguendo-se, tivesse atraído do hálito infecto e venenoso dos animais que são gerados nos pântanos. Da mesma forma, uma cidade construída na margem do mar, e exposta ao meio-dia ou ao poente, não pode ser sadia (...)

         Existe aqui a idéia de que o ar pode trazer doenças. É claro que Hipócrates também afirmava isso, mas em outro sentido. Na concepção hipocrática, o ar pode produzir epidemias quando há um desequilíbrio de calor, frio, umidade e secura, que atuam sobre os humores corporais. Em Vitruvius, a idéia é diferente. Ele se refere a vapores venenosos que poderiam ser produzidos nos pântanos, pelos animais lá gerados, e que poderiam produzir a peste (ou seja, epidemias).

         Idéias ainda mais próximas das nossas são sugeridas por outros autores romanos do início da era cristã. Marcus Varro sugeriu que nos pântanos "crescem certos animais tão pequenos, que não podem ser captados pelos olhos, que  através do ar entram pelas narinas ou pela boca e produzem graves doenças". E o escritor Lucius Columella, ao falar sobre as atividades do campo, sugere que os mosquitos podem transmitir doenças:

Não devem existir pântanos perto das casas, ou de estradas públicas, pois eles sempre emitem venenos [vírus] nocivos no calor, e geram animais armados com aguilhões, que voam em torno de nós em enxames densos. Eles [os pântanos] também produzem da lama e do lixo fermentado, a peste venenosa das serpentes e cobras d'água, quando elas ficam privadas da umidade do inverno. E por isso são adquiridas doenças ocultas, cujas causas nem os médicos conseguem compreender.

Desde a antiguidade, os astrólogos estudavam a posição dos astros celestes durante o nascimento das crianças, para determinar suas características e prever seu futuro.
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